As dificuldades para obter permissão de autoridades para testes e o ceticismo em torno da ideia não intimidaram a Amazon. O Prime Air — projeto de drone autônomo para entregas que a companhia anunciou em 2013 — continua em pleno desenvolvimento, obrigado. A prova está em um vídeo divulgado pela Amazon no último final de semana: ali a gente encontra um novo e muito mais avançado protótipo da aeronave.
Entregas rápidas sempre foram uma preocupação para a Amazon. O Prime Air surgiu como uma das várias ideias que a empresa explora para melhorar a sua logística. A proposta é simples, porém audaciosa: o usuário faz uma compra no site e o produto é entregue pelo drone em menos de uma hora. É como se a aeronave fosse uma versão high-tech das corujas de Hogwarts ou dos pombos-correios (que, a julgar pela minha experiência de vida, só evoluem mesmo na precisão com que acertam nossas cabeças).
Para explicar as principais características do novo protótipo em um vídeo que dura pouco mais de dois minutos, a Amazon escalou ninguém menos que Jeremy Clarkson, ex-apresentador do popular programa de TV da BBC Top Gear.
O anúncio mostra uma garotinha que precisa urgentemente de novas chuteiras após o cachorro da família destruir um dos pés do par anterior. Na sequência, Clarkson explica que é melhor recorrer à Amazon do que perder a paciência com o animal: com o drone de entregas, o novo par de chuteiras chega em, no máximo, 30 minutos.
Na comparação com a versão mostrada em 2013, o novo drone é completamente diferente. O primeiro modelo é um quadricóptero com pouco apelo estético. Já a nova aeronave tem design mais moderno que remete ligeiramente a um avião, razão pela qual possui dois sistemas de propulsão: um horizontal e outro vertical (para decolagem e pouso).
Apesar de ter ficado maior e, aparentemente, mais robusto que o primeiro drone, o novo protótipo continua sendo capaz de transportar pedidos que pesam até 2,26 quilos (5 libras). Mas isso não é problema: mais de 85% das compras feitas na Amazon estão dentro desse limite.
Os engenheiros da companhia estão mais preocupados em melhorar aspectos relacionados ao voo. O drone atinge uma altura máxima de 400 pés (pouco mais de 120 metros), ou seja, não pode voar muito alto. Por conta disso, a aeronave recebeu diversos sensores que a permitem desviar de prédios, postes, árvores, balões, bebês jogados para cima pelos pais, entre outros obstáculos.
Talvez o detalhe mais impressionante fique para o prazo de entrega. Comprar e receber em até 30 minutos é um intervalo de tempo tão curto que parece impossível. A parte frustrante é que não há nenhum milagre da engenharia aí: o drone só é capaz de fazer entregas expressas, isto é, de um pedido por vez; além disso, a aeronave só deve realizar transporte para clientes que estiverem em um raio de até 16 quilômetros do centro de distribuição, a despeito da sua capacidade de ir mais longe.
Está nos planos da Amazon aumentar o alcance da aeronave, como é de se imaginar. Esse objetivo não diz respeito somente ao limite geográfico, mas também à cobertura de diferentes tipos de áreas urbanas. Para tanto, a companhia trabalha em vários outros protótipos, cada um com um conjunto distinto de características. Muito provavelmente, o programa Prime Air não será composto apenas por um único modelo.
Quando e onde esses drones irão operar? Ninguém sabe ao certo, nem mesmo a própria Amazon, creio. O projeto ainda precisa avançar muito. O maior desafio aqui não está nas nuances técnicas, mas na capacidade da Amazon de persuadir autoridades preocupadas com (falta de) segurança a permitirem testes mais completos em áreas abertas.
A Amazon já obteve autorização para testar os drones nos Estados Unidos, mas mediante determinadas condições (ter um “piloto” monitorando o drone o tempo todo, por exemplo). Agora a empresa precisa de mais liberdade, digamos assim, para conseguir fazer o projeto virar realidade.
Convencer as autoridades é um processo lento e burocrático, mas a Amazon não parece disposta a recuar. Gur Kimchi, executivo que cuida da divisão Prime Air, deixou isso claro ao dar a entender que este é o projeto de entrega mais avançado que uma empresa pode ter; depois disso, só com teletransporte.
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