Entre os benefícios dessa nova abordagem, destaca-se a maior sensibilidade diagnóstica, que reduz a necessidade de exames adicionais desnecessários. Quando um resultado é negativo, as mulheres poderão realizar o rastreamento em intervalos de até cinco anos, o que não apenas aumenta a eficácia do processo, mas também contribui para a redução de custos com procedimentos de saúde.
O novo teste, desenvolvido pelo Instituto de Biologia Molecular do Paraná, vinculado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), substituirá o tradicional exame citopatológico, conhecido como papanicolau. Este exame agora será reservado apenas para a confirmação de casos positivos encontrados pelo teste molecular. A coleta do material para o novo exame seguirá um procedimento semelhante ao do papanicolau, mas com a diferença de que as amostras serão acondicionadas em um tubo com líquido conservante, facilitando a análise laboratorial do DNA do vírus.
A implementação do teste ocorrerá inicialmente em municípios selecionados de 12 estados brasileiros, incluindo Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, entre outros. O objetivo é garantir que as mulheres desses locais tenham acesso a serviços de saúde que assegurem um acompanhamento completo, como colposcopia e biópsia, no caso de resultados alterados. A expectativa é que até dezembro de 2026 o rastreamento esteja disponível em todo o território nacional, beneficiando anualmente cerca de 7 milhões de mulheres com idades entre 25 e 64 anos.
O HPV é identificado como a principal causa do câncer de colo do útero, que é o terceiro tipo de câncer mais comum entre mulheres no Brasil, com cerca de 17 mil novos casos previstos para o triênio 2023-2025. Dados apontam que, para cada grupo de 100 mil mulheres no país, 15 enfrentam essa doença, o que torna a implementação dessa nova tecnologia um marco significativo na saúde feminina.
A Organização Mundial da Saúde recomenda fortemente a testagem para HPV, considerando-a o padrão ouro para a detecção do câncer de colo do útero. Essa medida faz parte de uma estratégia global para eliminar a doença como um problema de saúde pública até 2030. O câncer de colo do útero continua a ser uma das principais causas de morte entre mulheres, especialmente nas regiões nordestinas do Brasil, onde a mortalidade é alarmantemente elevada. Com essas novas diretrizes, espera-se um avanço significativo na prevenção e no cuidado efetivo à saúde da mulher no país.