POLÍTICA – Relatório para cassação de vereador em SP aprovado pela Corregedoria aponta irregularidades. Medida aguarda decisão final da Câmara Municipal.

Na última quinta-feira (24), a Corregedoria da Câmara Municipal de São Paulo decidiu encaminhar ao plenário o relatório que pede a cassação do mandato do vereador Camilo Cristófaro (Avante). O grupo, composto por sete vereadores, aprovou o texto por 5 votos a favor e uma abstenção. Como não houve empate, o presidente da Corregedoria não votou.

O motivo para a cassação do mandato de Cristófaro está relacionado a um episódio ocorrido em maio deste ano. Durante uma sessão da CPI dos Aplicativos, na qual estava participando remotamente, o microfone do vereador ficou aberto e foi possível ouvir uma frase racista proferida por ele: “Não lavaram a calçada, é coisa de preto, né?”.

A atitude do vereador foi imediatamente repudiada pelo presidente da Câmara Municipal, Milton Leite, que afirmou que o caso seria investigado pela corregedoria da Casa. Em comunicado divulgado no mesmo dia, Leite lamentou que mais um episódio racista tenha ocorrido dentro da Câmara de vereadores e reiterou seu compromisso com a luta contra o racismo.

No dia seguinte, o PSB, partido ao qual Camilo Cristófaro era filiado, decidiu desfiliá-lo após receber pedidos de punição de outros membros. O vereador, no entanto, já havia solicitado sua saída do partido dias antes. Dessa forma, ele foi desfiliado antes mesmo da abertura de uma investigação na Comissão de Ética do PSB.

Ao ser questionado sobre o episódio, Cristófaro negou ser racista e afirmou que se tratou de uma “brincadeira infeliz”. Segundo ele, 70% das pessoas que o acompanham são afrodescendentes, e a frase foi direcionada a um amigo próximo.

Após a desfiliação do vereador, foi publicada no Diário Oficial da capital paulista, em 20 de maio, a decisão de abertura de um processo disciplinar contra ele. Essa decisão precisava ser aprovada por pelo menos 28 dos 55 vereadores, o que ocorreu no dia 24, quando 51 votaram a favor da admissibilidade do processo de cassação. O próximo passo é ouvir as testemunhas e a defesa de Cristófaro, o que será feito pela Corregedoria.

No mês de julho, o Tribunal de Justiça de São Paulo absolveu o vereador. Segundo a Corte, a atitude de Cristófaro não configurou crime, citando o inciso III do Artigo 386.

Agora, o caso seguirá para o plenário da Câmara Municipal de São Paulo, onde os vereadores decidirão sobre a cassação do mandato de Camilo Cristófaro. A decisão final caberá aos legisladores, que avaliarão as provas apresentadas e os argumentos da defesa. O episódio coloca em pauta a questão do racismo e a responsabilidade dos representantes políticos em relação a suas palavras e atitudes.

Jornal Rede Repórter - Click e confira!




Botão Voltar ao topo