Operação da Polícia Federal investiga monitoramento ilegal realizado pela Abin durante o governo Bolsonaro, com deputado federal entre os alvos.

Na manhã desta quinta-feira, uma operação da Polícia Federal teve como alvo o deputado federal Alexandre Ramagem (PL), sete policiais federais e três servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A ação foi realizada como parte de um inquérito que investiga um suposto monitoramento ilegal realizado pelo órgão durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).

As informações dão conta de que os policiais federais cumpriram 21 mandados de busca e apreensão, além de medidas cautelares diversas da prisão, incluindo a suspensão imediata do exercício das funções públicas de sete policiais. As diligências de busca e apreensão ocorreram em Brasília/DF, Juiz de Fora/MG, São João Del Rei/MG e Rio de Janeiro/RJ.

De acordo com o jornal “O GLOBO”, em março do ano passado, foi revelado que a Abin utilizou um programa secreto chamado FirstMile para monitorar a localização de alvos pré-determinados por meio dos aparelhos celulares. Após a reportagem, a Polícia Federal abriu um inquérito que identificou que a ferramenta foi utilizada para monitorar políticos, jornalistas, advogados e adversários de Bolsonaro.

O programa tinha a capacidade de monitorar, sem autorização judicial, os passos de até 10 mil pessoas por ano, bastando digitar o número de um contato telefônico no programa e acompanhar no mapa a localização registrada a partir da conexão de rede do aparelho. A ferramenta foi produzida pela empresa israelense Cognyte (ex-Verint) e era operada, sem qualquer controle formal de acesso, pela equipe de operações da agência de inteligência.

Segundo a PF, a operação desta quinta-feira é uma continuação das investigações da Operação Última Milha, deflagrada em outubro de 2023. O inquérito apontou que as provas obtidas a partir das diligências executadas pela Polícia Federal à época indicam que o grupo criminoso criou uma estrutura paralela na Abin e utilizou ferramentas e serviços da agência de inteligência do Estado para ações ilícitas, produzindo informações para uso político e midiático, para a obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações da própria Polícia Federal.

A PF informou, em nota, que “os investigados podem responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei”. A operação desta quinta-feira representa mais um desdobramento dessa investigação e coloca em evidência a complexa relação entre órgãos de inteligência e políticos no Brasil.

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