Maduro adia instalação da Constituinte para sexta

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou na noite desta quarta-feira (2) que a instalação da Assembleia Constituinte, que estava prevista inicialmente para esta quarta, será na próxima sexta-feira.

“Foi proposto que a instalação da Assembleia Constituinte se faça seja organizada em paz, com tranquilidade e todo o protocolo necessário na próxima sexta-feira às 11 da manhã”, disse maduro em um com o eleitos para a Constituinte no último domingo.

Mais cedo nesta quarta, a oposição adiou a grande passeata de protesto que estava prevista para hoje já que o governo não tinha anunciado ainda quando exatamente a Constituinte seria instalada, informa o G1.

De acordo com informações da agência Efe, a Guarda Nacional Bolivariana (GNB) ocupou nesta quarta uma sala do Parlamento venezuelano, que tem maioria de deputados opositores, como parte dos preparativos de segurança antes da instalação da Constituinte.

O presidente do Parlamento, o opositor Julio Borges, disse que os agentes perdiam tempo, já que a Costituinte, segundo ele, é uma “fraude” e os deputados continuarão trabalhando na sede do Poder Legislativo.

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, propôs a Constituinte como solução para a grave crise política do país, mas a oposição, que exige eleições gerais, considera a iniciativa uma fraude para tentar perpetuar o presidente no poder.

Taxa de participação manipulada

Nesta quarta, a empresa responsável por contagem de votação na Venezuela denunciou que o número de eleitores que participaram da votação que elegeu a Assembleia Constituinte foi manipulado.

Em uma entrevista coletiva em Londres, o diretor-executivo da Smartmatic, Antonio Mugica, afirmou que “a diferença entre a participação real e a anunciada pelas autoridades é de pelo menos um milhão de votos”.

De acordo com o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), mais de oito milhões de pessoas (41,5% do colégio eleitoral) elegeram em 30 de julho os 545 constituintes que redigirão a nova Carta Magna.

O poder eleitoral considerou “irresponsável” e “sem fundamento” a denúncia. A presidente do CNE, Tibisay Lucena, relacionou a denúncia da empresa a um bloqueio de contas a provedores do organismo por parte dos Estados Unidos, que a sancionou recentemente.

Protesto da oposição

A mobilização organizada pela oposição pretende denunciar a “ilegitimidade” da Assembleia Constituinte, não reconhecida por vários países, incluindo os países da União Europeia, alguns da América Latina e os Estados Unidos, e condenar a detenção dos presos mais emblemáticos da oposição: Leopoldo López e o ex-prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, acusados de planejar uma fuga e de convocar um boicote à votação estimulada pelo presidente Nicolás Maduro.

Na madrugada de terça-feira, os dois foram levados de suas casas pelo Serviço de Inteligência (Sebin).

Eleitos

Nesta terça, a autoridade eleitoral da Venezuela anunciou que o filho e a esposa do presidente Maduro estão entre os eleitos como membros da polêmica Constituinte que redigirá a nova Constituição do país.

O número dois do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), Diosdado Cabello, e a ex-ministra das Relações Exteriores da Venezuela, Delcy Rodríguez, também foram eleitos. Em uma entrevista à agência France Presse, Rodríguez disse que tanto a Assembleia Constituinte como A Assembleia Nacional poderão funcionar no mesmo edifício, que conta com um hemiciclo, onde acontece a sessão da Câmara dos Deputados, e um salão elíptico, que será a sede da Constituinte.

Dos 545 constituintes, 364 foram eleitos por municípios, sendo um representante por cada município e dois para cada capital, independentemente do número de habitantes, e 181 por setores sociais. A oposição, que se negou a participar, denuncia que a votação setorial foi concebida para favorecer Maduro.

Novo chanceler

Maduro nomeou nesta quarta Jorge Arreaza como novo ministro das Relações Exteriores, em substituição de Samuel Moncada, que, segundo o mandatário, se encarregou da transição após a saída de Delcy Rodríguez, que se lançou candidata à Assembleia Nacional Constituinte.

Arreaza já desempenhou no governo a função de ministro de Desenvolvimento Mineirador Ecológico, além de ter sido vice-presidente executivo do país entre abril de 2013 e janeiro de 2016.

Veja questões sobre a Assembleia Constituinte que ainda não foram esclarecidas:

  • Por quanto tempo os constituintes sessionarão.
  • Se o Parlamento ou o Ministério Público serão dissolvidos, como ameaçaram dirigentes do governo.
  • Se a procuradora-geral, Luisa Ortega, chavista que rompeu com Maduro e rejeita a Constituinte, será retirada do cargo — ela disse estar certa de que vão querer a sua “cabeça”.
  • Se haverá eleições. Uma das diretoras do poder eleitoral, Socorro Hernández, disse que as eleições de governadores – que deveriam ter sido realizadas em 2016, mas foram adiadas para dezembro de 2017 – dependerão “das decisões” dos constituintes. A oposição adverte que também ficam no limbo as presidenciais de 2018.
  • Se a “comissão da verdade” que a Constituinte criará e para a qual Maduro indicou que pedirá uma investigação dos “crimes da direita” terá aculdades penais.
  • Quais medidas ela tomará para alcançar a estabilidade diante do colapso econômico, como defende Maduro.

02/08/2017

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