Levantamento revela que 43 políticos foram assassinados no RJ nos últimos 20 anos com suspeita de participação do crime organizado.

Nos últimos 20 anos, o estado do Rio de Janeiro viu o assassinato de 43 políticos, todos com suspeita de envolvimento com o crime organizado. De acordo com um levantamento feito pelo jornal O Globo, esses homicídios são geralmente execuções brutais, com emboscadas, homens encapuzados e múltiplos disparos, e há indícios concretos de atuação de milicianos, traficantes, contraventores do jogo do bicho ou grupos de extermínio. Em média, uma pessoa ligada a atividades políticas é morta a cada seis meses.

As mortes ocorrem principalmente durante anos eleitorais, representando dois terços dos casos. As eleições municipais são ainda mais perigosas, com quase três vezes mais assassinatos do que as eleições gerais. A área mais perigosa para políticos é a Baixada Fluminense, onde ocorreram mais de 72% dos casos. Dos 13 municípios da região, 31 das 43 mortes foram registradas lá. A região possui uma população de cerca de 4 milhões de habitantes.

Na capital, Rio de Janeiro, foram registrados sete casos, sendo o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes o mais emblemático. Dois ex-policiais militares estão presos como executores do crime, que ainda está sendo investigado para encontrar os mandantes.

Além disso, outros municípios da região da Baixada Fluminense também são conhecidos pela violência contra políticos. Magé é a cidade com o maior número de políticos mortos, sendo dez ao todo. Duque de Caxias, empatada na segunda posição com a capital, registrou sete casos. Nova Iguaçu, Seropédica e Nilópolis também estão na lista, com cinco, quatro e três mortes, respectivamente. Além disso, houve casos em São Gonçalo, Niterói, Itaboraí e Rio Claro.

O sociólogo José Cláudio Souza Alves, autor do livro “Dos barões ao extermínio: uma história de violência na Baixada Fluminense”, afirma que as milícias se expandiram nos últimos anos, ampliando sua atuação no poder público. Segundo ele, as pessoas são mortas quando desafiam ou não fazem acordos com as milícias, lançando candidaturas em áreas dominadas pelo crime ou quebrando pactos internos.

O levantamento foi inspirado na tese de doutorado de Alves e utilizou dados públicos disponibilizados pelas autoridades, conteúdos jornalísticos e acervos de centros de pesquisas da Baixada Fluminense. Entre as 43 execuções, há outros casos marcantes além do assassinato de Marielle, envolvendo o crime organizado.

Relator da CPI das Milícias, Marcelo Freixo afirmou na época que a lista de alvos do colegiado estava se tornando um obituário. E mais de uma década depois, a violência contra políticos continua ocorrendo. O ex-vereador Jerônimo Guimarães Filho, conhecido como Jerominho, também indiciado pela CPI, foi morto a tiros de fuzil em agosto do ano passado.

No entanto, nem todos os políticos atacados são suspeitos de envolvimento com atividades criminosas. Aga Lopes Pinheiro, líder comunitária em Magé, foi assassinada em 2016 enquanto era pré-candidata a vereadora. A suspeita é que traficantes locais tenham realizado o ataque em retaliação às atividades de Aga no bairro dominado por eles.

A onda de violência registrada em 2016, com 12 mortes, chegou a motivar um pedido do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que a Polícia Federal (PF) investigasse os crimes. A situação revela a grave problemática envolvendo políticos e o crime organizado no estado do Rio de Janeiro, evidenciando a necessidade de ações mais efetivas para combater essa violência.

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