JUSTIÇA – [CSN enfrenta processo judicial por deslizamentos em barragem de Congonhas e é alvo de ação do MPF por danos ambientais.

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) está enfrentando um processo judicial movido pelo Ministério Público Federal (MPF) referente aos deslizamentos ocorridos em 2022 na barragem de mineração Casa de Pedra, localizada em Congonhas (MG). A ação civil pública busca a condenação da CSN e uma indenização de R$ 20 milhões por danos morais coletivos ambientais.

Entre os dias 6 e 9 de janeiro do ano passado, durante um período de fortes chuvas, ocorreram os deslizamentos que preocuparam não só a cidade de Congonhas, mas também outras regiões de Minas Gerais onde estão situadas barragens. Na ocasião, a CSN minimizou os impactos, alegando que os deslizamentos ocorreram na área externa da barragem e que estavam trabalhando para solucionar o problema.

No entanto, o MPF alega que houve danos ambientais, como grandes erosões e transporte de sedimentos até o Rio Maranhão. A situação foi visível em diferentes pontos da cidade, gerando preocupação e angústia nos moradores locais. Além disso, o MPF acusa a CSN de violar obrigações legais ao impedir o acesso de servidores da Defesa Civil Municipal à área da barragem para avaliar os danos, sendo necessário uma decisão judicial para que o acesso fosse liberado.

O MPF afirma que as obras realizadas pela CSN para conter a erosão não dispensam a necessidade de reparação ambiental e socioambiental pelos danos causados. Caso a Justiça acate os pedidos apresentados na ação, os R$ 20 milhões serão destinados ao Fundo Nacional do Meio Ambiente.

Além da indenização, o MPF requer que a Agência Nacional de Mineração (ANM) bloqueie os direitos associados ao processo minerário da área da barragem, impedindo a transferência da autorização de exploração para outra empresa antes do pagamento do passivo ambiental. Até o momento, a CSN não se pronunciou sobre a ação movida pelo MPF.

As preocupações com a Barragem Casa de Pedra não são recentes e existem há algum tempo. De acordo com dados da ANM, a estrutura armazena 63,3 milhões de metros cúbicos de rejeitos, um volume cinco vezes maior do que o presente na barragem da Vale que se rompeu em Brumadinho em 2019, resultando em centenas de mortes. A CSN também possui uma quantidade superior de rejeitos em comparação com a barragem da Samarco em Mariana, cujo colapso em 2015 causou graves impactos ambientais e perdas humanas.

Após a tragédia de Brumadinho, as estruturas de mineração passaram a ser alvo de maior atenção por parte dos órgãos de fiscalização e da Justiça. A Barragem Casa de Pedra chamou a atenção devido à sua localização próxima à área urbana de Congonhas.

Em 2019, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) tomou medidas legais para proteger os moradores vizinhos à barragem, após tentativas de um acordo extrajudicial falharem. Na época, o MPMG alertou para a vulnerabilidade da estrutura, baseando-se em episódios anteriores de danos ocorridos nos anos de 2013, 2014 e 2017.

A Justiça mineira determinou que a CSN arcasse com um pagamento mensal de R$ 1,5 mil para cada família afetada pela barragem, a fim de que pudessem alugar outro imóvel. Além disso, a mineradora foi obrigada a financiar a construção de novas unidades para creche e escola locais, como parte das medidas compensatórias.

Portanto, a CSN enfrenta agora mais uma ação judicial relacionada aos deslizamentos na barragem Casa de Pedra, colocando em evidência as preocupações ambientais e de segurança associadas a essa estrutura de mineração. As consequências desse processo ainda estão por serem determinadas pela Justiça.

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