Harari destacou a crescente desunião global e alertou que essa lógica compartimentada tende a intensificar conflitos e disputas pelo poder entre nações. “Essas divisões não são simples barreiras; muitas vezes, elas se traduzem em hostilidades que podem levar a conflitos maiores”, afirmou o autor. A análise de Harari levanta preocupações sobre a abordagem imperialista da administração Trump, mencionando ações relacionadas à Groenlândia e à estratégia de influência no Canal do Panamá, que exemplificam essa dinâmica de controle e separação.
Em outro aspecto de sua fala, Harari abordou o crescente papel da Inteligência Artificial (IA) na sociedade moderna, descrevendo-a como uma “inteligência alienígena” devido à sua capacidade de gerar ideias e decisões que estão além da compreensão humana. Ele destacou a evolução da IA como um fenômeno que se autoconstrói, onde a interação humana se torna cada vez mais escassa frente ao seu desenvolvimento. Essa construção progressiva coloca em pauta novas possibilidades, como a criação de ideologias, sistemas monetários e até estratégias de poder militar que não dependem da lógica humana.
O filósofo enfatiza que, embora a IA traga consigo um potencial para resolver problemas como desastres climáticos e crises sanitárias, sua natureza complexa também oferece desafios significativos. “Devemos encarar a IA com um senso de responsabilidade, como se estivéssemos lidando com uma criança que aprende com seu ambiente”, ressaltou. Harari concluiu que o grande desafio será garantir que essa tecnologia evolua de maneira benéfica, promovendo a dignidade humana e a cooperação global. “Se conseguirmos desenvolver a IA de forma responsável, poderemos não apenas mitigar riscos, mas também criar um futuro mais promissor para todos nós”, finalizou.