Após morte do marido, ela tem contado com doações para manter crianças de 6 e 2 anos, e um casal de gêmeos, de 6 meses.
Após a morte do marido, o pedreiro Claudemir Alves da Cruz, de 26 anos, a dona de casa Maria Francisca de Lima, de 28, precisa de doações para se manter e cuidar dos quatro filhos do casal, em Goiânia. Ela conta que o esposo era quem sustentava a casa.
O pedreiro estava indo para o trabalho, no último dia 14 de abril, quando foi atropelado por um carro, cujo motorista fugiu sem prestar socorro. O casal teve quatro filhos, sendo dois meninos de 6 e 2 anos de idade e gêmeos, que completaram 6 meses de vida um dia antes do pai morrer.
Maria conta que vive de favor nos fundos da casa de uma tia do marido. Ela afirma que o esposo era quem estava terminando de construir a residência e queria fazer um quarto para os filhos, já que a casa tem apenas três cômodos.
“Ele era tudo, está muito difícil sem ele. Queria que ele estivesse aqui”, desabafou Maria.
Depois da morte do marido, ela relata que tem recebido doações de parentes e amigos, mas que ainda se preocupa em ter leite e fraldas suficientes para os bebês. Ela conta que o casal usa cerca de 90 fraldas por semana e, atualmente, têm 140 unidades.
“As crianças eram muito apegadas a ele também. Estamos sentindo muita falta. Estou preocupada por causa dos meus filhos porque estou contando com ajuda das pessoas para conseguir o leite deles. Tudo que eu tenho aqui é doação”, explicou.
Conforme a dona de casa, o leite que os bebês precisam custa cerca de R$ 30 a lata e eles usam em média três unidades por semana. “Eles ainda são muito pequenos, e eu não tenho com quem deixar. Todo mundo da família trabalha, então ainda não sei como fazer. Ganhamos R$ 280 pelo Bolsa Família, mas não é suficiente para pagar todas as contas. Eu até penso em procurar um trabalho, mas precisaria de um lugar para eles ficarem”, comentou.
A família ressalta ainda que não tem rede de esgoto e, desde que se mudaram para o local há cinco meses, pensam em fazer uma fossa, mas também não têm condições financeiras de realizar o serviço.
Em nota, a Companhia de Saneamento de Goiás (Saneago) informou que “o projeto para implantação da rede de esgotamento sanitário no Residencial Buena Vista 4 já foi aprovado e que a execução das obras depende de licitação”.
Indignação
Além das dificuldades financeiras, a família segue inconformada com a forma que Claudemir morreu. Maria deseja que o autor do atropelamento pague pela imprudência.
“Eu queria descobrir quem fez isso com ele. Até hoje não temos notícia. Meu marido estava indo trabalhar de bicicleta porque o pneu do carro tinha furado. Ele pedalava quase 2 horas para chegar no local do serviço, saída daqui 5h30. Eu quero justiça”, defendeu.
Irmão da vítima e pedreiro, Claudimar Oliveira Alves, de 28 anos, relata que esteve na Delegacia Especializada na Investigação de Crimes de Trânsito (Dict), mas não obteve respostas sobre a autoria do atropelamento.
“Conversamos com o pessoal lá, mas só souberam nos dizer que as imagens de câmeras de segurança estavam muito ruins e que não sabiam quem era o motorista ainda. Na rua tem várias câmeras, antes e depois, alguma deve prestar”, pontuou.
A delegada titular da Dict, Nilda Andrade, informou ao G1 que as imagens recolhidas estão sendo analisadas pela corporação. Ela afirma que as testemunhas do caso ainda devem ser ouvidas.
Segundo Andrade, a Polícia Civil está realizando diligências para tentar identificar e encontrar o autor do atropelamento.
22/04/2017