De acordo com o defensor público da União, Diego Alves, o colapso parcial foi amenizado devido a ações preventivas como a interdição de uma área correspondente a cinco vezes o raio de cada poço. Além disso, ele destacou que os acordos para desocupação de imóveis e indenizações, iniciados em 2019, também contribuíram para reduzir o impacto do desastre. O defensor público ressaltou a importância desses acordos, afirmando que sem eles, a situação teria sido de desastre muito mais grave.
Todavia, representantes dos atingidos criticaram as condições dos acordos, especialmente aqueles assinados durante momentos críticos, como a pandemia de Covid-19. Cássio Araújo, coordenador do Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB), destacou a ausência de participação das vítimas nas decisões tomadas em nome delas, enfatizando um privilégio que a empresa tem na tomada de decisões.
A Associação dos Empreendedores e Vítimas da Mineração em Maceió reclamou da falta de ação do Ministério Público para punir os responsáveis pelo desastre. Segundo a associação, a instituição já havia apresentado uma notícia-crime acusando a Braskem por crime ambiental e fraude em licenciamento ambiental, a Agência Nacional de Mineração por omissão na fiscalização, o Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA) por emissão de licenciamento em desacordo com a lei, e o BNDES por financiamento de atividade criminosa.
Além disso, houve críticas em relação ao domínio sobre o uso futuro da área hoje interditada, assim como a necessidade de ampliação da área isolada para incluir os Flexais, área às margens da Lagoa Mundaú e isolada com a interdição dos demais bairros.
Diante do cenário apresentado durante a audiência, deputados como Ivan Valente (Psol-SP) criticaram a atuação dos órgãos públicos e defenderam a necessidade da criação de uma CPI na Câmara para investigar o caso, como já ocorreu no Senado. Além disso, a deputada Professora Luciene Cavalcante (Psol-SP) encaminhou cobranças de providências a várias autoridades federais e estaduais com foco em reparação, fiscalização e responsabilização.
A audiência pública também evidenciou a preocupação em superar lacunas na legislação para lidar com tragédias como a de Maceió, que, segundo a procuradora Roberta Bomfim, têm efeitos sem previsão de duração. A deputada Duda Salabert (PDT-MG) lamentou que até o momento ninguém tenha sido preso pelos crimes socioambientais de Mariana, Brumadinho e Maceió, destacando o “modo criminoso e irresponsável das mineradoras”. Esta situação demanda uma ação imediata por parte das autoridades para garantir a segurança das vítimas e responsabilização das empresas envolvidas.