Vírus oropouche pode contaminar feto durante a gravidez, alerta estudo publicado no The New England Journal of Medicine.



Um caso chocante de transmissão vertical do vírus oropouche chamou a atenção do público e da comunidade médica recentemente. Uma gestante no Ceará, com 30 semanas de gravidez, foi diagnosticada com a infecção pelo mosquito-pólvora, conhecido como Culicoides paraensis, e acabou perdendo o bebê.

Os sintomas apresentados pela gestante eram típicos da doença, como febre, calafrios, dor muscular e forte dor de cabeça, porém, os testes feitos durante o pré-natal não detectaram nenhuma anormalidade no bebê antes da infecção. No entanto, após a morte fetal, análises de tecidos do feto revelaram a presença do vírus em várias amostras, cordão umbilical e placenta, confirmando a transmissão vertical.

O sequenciamento genético mostrou que o vírus encontrado era compatível com as linhagens circulantes durante o surto na região. Esse caso reforça a importância de se considerar o risco da infecção na gravidez e buscar atendimento médico diante de sintomas suspeitos em gestantes.

Outro artigo publicado no The Lancet também chamou a atenção para a possibilidade de transmissão vertical do vírus oropouche em estados como Pernambuco, Acre e Pará, com desfechos adversos, incluindo abortos e casos de microcefalia. Essa via de transmissão aumenta a complexidade da doença e pode contribuir para o desenvolvimento de novos padrões da epidemia.

A oropouche é uma doença causada pelo arbovírus OROV, da mesma família dos vírus responsáveis pela dengue, zika e chikungunya. Desde que foi identificado na década de 1960, esse agente infeccioso tem causado surtos principalmente na região amazônica, porém, casos foram detectados em outras partes do Brasil nos últimos anos.

A preocupação dos especialistas é que a doença é subnotificada e muitos casos podem ter passado despercebidos no passado. Não há tratamento específico nem vacina para a oropouche, portanto, a prevenção é fundamental. Recomenda-se evitar as picadas do mosquito com uso de repelentes e roupas compridas, além de cuidados com a limpeza do ambiente para evitar a reprodução do vetor.

Diante do aumento de casos e da possibilidade de transmissão vertical, é fundamental que as autoridades de saúde estejam atentas e que a população se informe sobre os riscos e medidas preventivas contra a febre oropouche. A conscientização e a colaboração de todos são essenciais para o controle dessa doença grave.

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