O primeiro turno das eleições municipais deste ano foi marcado por um aumento significativo nos casos de violência política no Brasil. De acordo com a pesquisa “Violência Política e Eleitoral no Brasil”, elaborada pelas organizações Terra de Direitos e Justiça Global, o período que antecedeu as eleições teve 373 casos registrados, sendo uma média de sete vítimas por dia.
O número de incidentes durante a campanha eleitoral de 2024 foi o mais alto da série histórica, com 518 ocorrências. No primeiro turno deste ano, foram identificados 10 assassinatos, 100 atentados, 138 ameaças, 54 agressões, 51 ofensas, 13 criminalizações e sete invasões. A média diária de vítimas foi de sete por dia, um aumento em relação ao primeiro turno de 2022, que teve aproximadamente dois casos de violência política por dia.
Um dos dados mais preocupantes é o aumento de casos de violência política contra pessoas negras e mulheres. Apesar de as pessoas brancas representarem a maioria das vítimas (52%), os números mostram que as pessoas negras foram mais frequentemente vítimas de violência letal. O relatório também destaca a proporção de violência contra mulheres, que representaram 35% das vítimas no primeiro turno, com um total de 128 ocorrências. Entre as mulheres, o tipo mais comum de violência foi a ameaça, com 56 casos registrados.
O pico de casos de violência política foi registrado na véspera das eleições, com 99 casos relatados entre os dias 1º e 6 de outubro. O estado de São Paulo foi o líder em ocorrências, com 14 casos registrados.
No geral, a região sudeste teve o maior número de casos, com São Paulo e Rio de Janeiro liderando a lista. No nordeste, Paraíba e Bahia foram os estados mais afetados, enquanto no norte, Pará e Amazonas se destacaram. No centro-oeste, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso tiveram o maior número de ocorrências, e na região sul, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná tiveram 17 casos cada.
Diante desse cenário preocupante, entidades civis cobram medidas e punições para combater a violência política e garantir a segurança e integridade dos candidatos e políticos durante as eleições. É fundamental que as autoridades ajam com rigor para coibir esses atos de violência, que ameaçam a democracia e a estabilidade do país.