A Praça das Nações Unidas, situada no tradicional bairro de La Recoleta, foi palco de um cenário vibrante e colorido. Coberta pelas cores da bandeira venezuelana e faixas com dizeres como “não à fraude,” “até o fim,” e “liberdade aos presos políticos,” a praça ressoou com canções de liberdade e gritos de “senta, presidente Edmundo.” A atmosfera ensolarada contrastava com a gravidade das denúncias e a seriedade das reivindicações.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela declarou Maduro como o vencedor, garantindo-lhe um terceiro mandato até 2031. No entanto, a oposição, que afirma ter cópias de mais de 80% das atas de votação, sustenta que o verdadeiro vencedor é seu candidato, Edmundo González Urrutia.
Entre os manifestantes, Andreina Escalante, de 34 anos, expressou sua esperança de um futuro livre de ditadura. Com sua filha de dois anos nos braços, ela compartilhou seu desejo de retornar à Venezuela, onde toda sua família reside. “Isso faz você sentir que não está sozinho, que somos muitos e que há esperança,” afirmou Andreina, que deixou seu país há mais de cinco anos.
A crise venezuelana fez com que aproximadamente 164 mil cidadãos migrassem para a Argentina, em busca de melhores condições de vida. Entre eles, a ativista Elisa Trotta, secretária-geral do Fórum Argentino para a Defesa da Democracia, discursou sobre a resistência dos venezuelanos exilados. “Não tenho dúvidas de que este é o momento. Não sabemos se será amanhã, daqui a dois dias ou daqui a um mês, mas isso não é uma corrida de 100 metros, é uma corrida de resistência,” disse Trotta. Ela também destacou o medo coletivo de permanecer sob uma ditadura e a emoção do eventual reencontro com seus entes queridos na Venezuela.
Os protestos se estenderam além de Buenos Aires para cidades argentinas como Rosário, Córdoba e Mendoza. Além disso, a convocação tomou uma dimensão global, envolvendo mais de 300 cidades ao redor do mundo. Este movimento é um reflexo da diáspora venezuelana, que abrange quase 8 milhões de pessoas espalhadas por países desde a Colômbia até a Austrália, passando pelos Estados Unidos e diversas nações europeias.
A incansável busca por justiça e democracia continua a mobilizar venezuelanos ao redor do mundo, mostrando que a luta pela liberdade e pelo restabelecimento da democracia na Venezuela está longe de terminar.