Nesse contexto, a Venezuela emerge como um possível salvador da situação, embora seu potencial esteja limitado por sanções internacionais. Juliane Furno, economista da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, aponta que a Venezuela possui as maiores reservas de petróleo conhecidas do mundo, mas enfrenta desafios em sua produção devido a uma infra-estrutura deteriorada e embargos impostos, principalmente pelos Estados Unidos e União Europeia. Segundo Furno, a Venezuela poderia, em teoria, ajudar a estabilizar o mercado global de petróleo, desde que suas capacidades de extração sejam restauradas.
Porém, essa recuperação exige tempo e investimentos substanciais em infraestrutura, algo que parece pouco viável no curto prazo. O professor Troner Assenheimer de Souza, especialista em engenharia de petróleo da Universidade Federal Fluminense, complementa que, mesmo que a Venezuela tenha potencial para aumentar sua produção, a resposta imediata à alta demanda gerada por um possível fechamento do estreito de Ormuz seria limitada. Além disso, a atual limitação de produção do país devido a questões internas e às sanções dificulta a contribuição venezuelana para evitar um colapso na oferta global.
Os efeitos de um fechamento do estreito de Ormuz não afetariam apenas os países diretamente envolvidos. Os Estados Unidos, por exemplo, mesmo sendo um importante produtor de petróleo, são também grandes importadores e poderiam enfrentar uma alta considerável nos preços, o que aceleraria a inflação e afetaria sua economia, especialmente em um ano eleitoral. Enquanto isso, a China, que consome 80% do petróleo iraniano, também seria instada a buscar suprimentos de outros exportadores, criando uma onda de incertezas no mercado global.
Por outro lado, o Brasil pode sair menos prejudicado de um eventual caos no fornecimento. Não sendo um importador líquido de combustíveis, o país tem a possibilidade de aumentar sua produção e suas exportações, o que poderia gerar receitas adicionais para a Petrobras. Contudo, a política de preços da empresa poderá impactar a inflação interna. Assim, o cenário se apresenta tanto como um desafio quanto como uma oportunidade, levantando a discussão sobre a necessidade de diversificação das matrizes energéticas e um maior investimento em fontes renováveis para garantir a estabilidade econômica no futuro.