O governo da Venezuela replicou, argumentando que o Itamaraty tentaria se colocar como vítima em uma situação onde, segundo eles, atuou como agressor, ao mesmo tempo em que promovia uma “campanha sistemática e violadora” dos princípios estabelecidos pelas Nações Unidas. Essas acusações surgem em um clima de crescente descontentamento entre os dois países, que se intensificou após a recente eleição no país venezuelano.
Durante a contenda diplomática, Maduro havia se comprometido a compartilhar com autoridades brasileiras as atas eleitorais que comprovassem sua vitória, uma promessa que, segundo o assessor especial de assuntos internacionais da presidência brasileira, Celso Amorim, não foi cumprida. Essas promessas não atendidas acirraram ainda mais os ânimos em um cenário já conturbado.
A reviravolta mais recente ocorreu durante a Cúpula dos Chefes de Estado do BRICS, realizada em Kazan, na Rússia, onde o Brasil expressou sua oposição à inclusão da Venezuela no grupo, um movimento que foi interpretado pelo governo venezuelano como uma agressão. Tal posição do Brasil só aumenta as tensões entre as duas nações sul-americanas, que já enfrentam dificuldades nas suas relações diplomáticas.
Essas interações se desenrolam em um contexto regional mais amplo, onde a Venezuela tem buscado fortalecer suas alianças enquanto o Brasil, sob a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva, adota uma postura mais crítica com relação aos seus vizinhos, em particular no que se refere à transparência e legitimidade de processos eleitorais. A hostilidade crescente entre esses dois países demonstra um cenário complexo e volátil na diplomacia sul-americana, refletindo divisões e alianças que podem moldar o futuro da região.