Conforme os dados e relatos de economistas, a desvalorização do real, a moeda brasileira, juntamente com um aumento no número de turistas argentinos em solo brasileiro, sugere que a Argentina caminha na direção oposta àquela desejada para revitalizar sua economia. A comparação é importante: enquanto outras nações emergentes consideram a desvalorização como uma estratégia para enfrentar a força do dólar, a Argentina se vê em uma posição delicada, onde um “super peso” torna os seus produtos mais caros no mercado internacional, dificultando as exportações e aumentando a tentação de importações.
O Banco Central da República Argentina (BCRA) estabeleceu uma nova política de câmbio que estipula esta desvalorização controlada, mas economistas apontam que essa alteração pode ser prejudicial tanto para o mercado exportador quanto para a indústria local. As manufaturas de origem industrial, que representam uma parte significativa das exportações argentinas – 80% têm como destino o Brasil – já estão sentindo os efeitos adversos dessa política.
O dilema do governo argentino é claro: como garantir a estabilidade econômica e, ao mesmo tempo, não prejudicar a indústria nacional que, até agora, se beneficiava de um cenário econômico mais favorável? A resposta talvez esteja ligada ao ciclo eleitoral que se aproxima. O governo busca manter a sensação de controle da inflação até as eleições legislativas de outubro de 2025, optando por medidas que garantam estabilidade aparente, mesmo que isso signifique sacrificar a competitividade a longo prazo.
Além disso, a situação financeira do país se complica com o aumento das importações, que tende a gerar um déficit em conta corrente em uma economia que já carece de reservas. Os efeitos colaterais dessa estratégia podem ser severos, levando a uma onda de desemprego especialmente nas pequenas e médias empresas, que são as mais afetadas pelo cenário de insegurança econômica.
Por outro lado, em um momento em que o governo deve inovar e buscar novas formas de competitividade, economistas alertam para a necessidade de ao menos considerar outros fatores além da taxa de câmbio, como a qualidade dos produtos e a capacidade de adaptação do mercado às novas realidades. A Argentina, acostumada a operar em um contexto de “repressão financeira”, precisa encontrar um novo caminho para se reinventar e promover a recuperação econômica.
A expectativa agora gira em torno da habilidade do governo em equilibrar estas delicadas questões, mantendo o foco na estabilização econômica, enquanto explora novas estratégias que possam eventualmente reverter a perda de competitividade que está se instaurando entre seus produtos no mercado internacional.