Diversos setores da sociedade, incluindo entidades comerciais, moradores e grupos civis, assinaram uma carta aberta às autoridades portuguesas denunciando a situação. Segundo o documento, o problema é considerado uma questão de polícia e saúde pública, uma vez que no espaço público se acumulam seringas e outros materiais utilizados no consumo de substâncias psicoativas, colocando em risco a saúde de consumidores e do público em geral.
Uma reportagem veiculada pela CNN Portugal em abril destacou o aumento do número de pessoas em situação de rua na região, algumas delas se abrigando em tendas e barracas devido ao vício em drogas. Moradores locais relatam assaltos frequentes, tentativas de invasão e violência nas ruas, além do incômodo provocado por usuários de drogas que ficam nas portas de suas casas.
O consumo de drogas tem se intensificado, especialmente entre imigrantes expostos a situações de degradação e falta de trabalho. Segundo a reportagem, esse grupo representa uma parcela significativa das pessoas em situação de rua em Lisboa.
Apesar das denúncias públicas, o governo e outras entidades públicas têm sido acusados de descaso em relação ao problema. João Goulão, presidente do Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências (ICAD), expressou preocupação com a situação do bairro Casal Ventoso, que foi descrito como o maior supermercado de drogas da Europa nos anos 90. Goulão ressaltou a necessidade de oferecer tratamento aos que desejam se recuperar do vício.
Portugal é reconhecido desde 2001 por sua política de descriminalização das drogas, incluindo maconha, cocaína e heroína, e por programas de redução de danos e tratamento para dependentes químicos. A situação em Lisboa reforça a importância de políticas públicas eficazes para lidar com o uso de drogas e seus impactos na sociedade.