Entretanto, a relutância Argentina e brasileira em abrir suas economias e firmar um acordo de livre comércio tem se mostrado um grande obstáculo, dificultando a concretização dos desejos uruguaios. Esta resistência é ainda mais evidente considerando as normas do Mercosul, que exigem a unanimidade entre seus membros para selar tratados com países externos, o que praticamente inviabiliza um acordo bilateral direto entre Montevidéu e Pequim.
Recentemente, durante uma reunião com o vice-primeiro-ministro chinês, Ding Xuexiang, Orsi confirmou que realizará uma visita oficial à China antes de março de 2026. O ministro das Relações Exteriores uruguaio, Mario Lubetkin, comentou sobre as expectativas depositadas pela China no Uruguai, especialmente com a previsão de que o país assuma a presidência do Mercosul em julho de 2024.
Muitos especialistas, como Marcos Soto, analisam a situação com cautela, apontando que as barreiras que impediram o avanço nas negociações ainda estão presentes. Ele ressalta que não há consenso suficiente dentro do Mercosul para iniciar discussões efetivas sobre um acordo comercial com a China. Para ele, apesar das boas relações entre a China e o Brasil, as condições atuais ainda não são propícias para que o bloco progrese.
Por outro lado, Ignacio Bartesaghi acredita que o Uruguai deve continuar a defender suas aspirações de acordos com a China e pressionar o Mercosul para que reconsidere sua posição, destacando que Montevidéu tem sido reconhecido por Pequim como um parceiro estratégico. A análise aponta que o Uruguai, embora pequeno em tamanho, possui uma importância tática, visto que é o único membro do Mercosul que busca ativamente um acordo comercial com a China, o que poderia influenciar os demais países do bloco.
Bartesaghi também sugere que a presidência da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) em 2026 poderia ser uma oportunidade para o Uruguai liderar discussões que podem beneficiar tanto a região quanto as relações com a China, abordando temas relevantes como a reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC), mudanças climáticas e questões de paz internacional.
Em suma, o Uruguai é não apenas um potencial parceiro comercial para a China, mas também uma peça-chave no quebra-cabeça das relações econômicas na América do Sul. No entanto, para que isso se concretize, será necessário lidar com as complexidades políticas do Mercosul e promover um discurso interno coeso que permita explorar ao máximo as oportunidades que a relação com o gigante asiático pode oferecer.









