Os defensores dessa proposta afirmam que o voto indireto pode conduzir a uma redução nos custos das eleições e a uma administração governamental mais eficiente. No entanto, críticos levantam bandeiras de alerta, argumentando que essa mudança poderia prejudicar a democracia já fragilizada do país. A questão central em debate é se a proposta realmente visa a economia ou se é uma estratégia para solidificar o controle do NRM sobre o poder.
Desde 2022, essa discussão sobre a alteração do sistema eleitoral gira em torno da necessidade de eficiência. No entanto, especialistas como José Ricardo Araujo, do Núcleo de Avaliação da Conjuntura da Escola de Guerra Naval, afirmam que a implementação dessa medida, mesmo se aprovada, é improvável para as próximas eleições, programadas para 2026. Segundo Araujo, Uganda comemora 62 anos de independência em um contexto que revela suas democracias como relativamente jovens e ainda não consolidadas, com apenas 20 anos de multipartidarismo.
Araujo ressalta que essa nova proposta de reformas eleitorais é apenas mais uma etapa em uma longa história de tentativas de manter Museveni no poder. Ele lembra que, em 2018, uma mudança legal foi aprovada para abolir o limite de idade presidencial, permitindo que Museveni continuasse seu governo que já se aproxima de quatro décadas. Além disso, há indícios de que o líder está preparando seu filho, Muhoozi Kainerugaba, para sucedê-lo, um plano que preocupa muitos analistas.
A situação em Uganda é emblemática do que muitos acadêmicos chamam de “democracia frágil”, uma narrativa que se aplica a muitos países africanos que, após longos períodos de autoritarismo, tentam estabelecer instituições democráticas. Enquanto Araujo e outros especialistas observam os potenciais efeitos dessa proposta legislativa, a verdade é que Uganda ainda luta para efetivar uma transição democrática genuína. O futuro do país está em jogo, e o modo como a população reagirá a essas mudanças pode determinar o seu destino democrático nos próximos anos.