UFAL – Moradores de Maceió Vivem Dilema da Evacuação Devido Ameaça Contínua de Afundamento do Solo



Desde 2018, a cidade de Maceió, capital de Alagoas, vive sob a sombra de um dos maiores desastres ambientais ocorridos no Brasil. O colapso de uma mina de extração de sal-gema operada pela empresa Braskem impactou profundamente a vida em diversos bairros da cidade. Tremores de terra e o preocupante fenômeno de afundamento do solo transformaram áreas outrora movimentadas em “bairros fantasmas”. Até o momento, mais de 14 mil imóveis nas localidades de Pinheiro, Bom Parto, Mutange, Bebedouro e Farol foram fechados e abandonados devido ao perigo iminente.

Estudos recentes mostraram que essas áreas não são as únicas em risco. Uma pesquisa realizada com a participação de docentes da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal do Piauí (UFPI) e Universidade de Brasília (UnB), apontou novos bairros vulneráveis à subsidência (afundamento do solo). Publicado no periódico “The Extractive Industries and Society”, o estudo revela que os perigos se estendem a outras regiões além das amplamente divulgadas pela imprensa.

De acordo com Wesley Oliveira, professor da Ufal, a abordagem GIS-multicritério usada no estudo ajudou a identificar áreas com grandes desafios socioeconômicos e ambientais. “A metodologia considera não apenas as vulnerabilidades ambientais mas também os riscos sociais e econômicos, promovendo ações integradas entre a população e o meio ambiente”, explica Oliveira. Ele destaca ainda que o movimento desordenado de moradores para outras regiões aumentou a vulnerabilidade social dessas áreas.

O estudo apresenta um mapa detalhado que aponta os bairros mais vulneráveis ao afundamento. Entre os mais ameaçados estão Bebedouro, Bom Parto, Farol, Gruta de Lourdes, Mutange, Pinheiro, Ponta Grossa e Vergel do Lago. Outras áreas como Antares, Feitosa, Fernão Velho, Riacho Doce, Rio Novo, Santa Amélia e Trapiche da Barra também enfrentam alto risco. Bairros como Clima Bom, Garça Torta, Ipioca, Pescaria, Pontal da Barra e Prado apresentam vulnerabilidade moderada, enquanto Barro Duro, Canaã, Chá de Bebedouro, Chá da Jaqueira, Cidade Universitária, Cruz das Almas, Jacarecica, Jacintinho, Jardim Petrópolis, Levada, Pitanguinha, Ponta da Terra, Santa Lúcia, Santo Amaro, Santos Dumont, São Jorge, Serraria e Tabuleiro do Martins são considerados de baixa vulnerabilidade.

Por outro lado, não foi possível determinar o nível de vulnerabilidade dos bairros Jaraguá, Jatiúca, Mangabeiras, Pajuçara e Ponta Verde. O professor Oliveira reforça que a integração de dados espaciais e não espaciais através do GIS e MCDA (Análise de Decisão Multicritério) é crucial para uma compreensão aprofundada dos problemas, facilitando intervenções práticas.

Atualmente, o grupo de pesquisa concentra-se em dois novos estudos: um sobre os impactos sociais, econômicos e ambientais da desconstrução da mina 18 na pesca e mariscagem na Lagoa do Mundaú, e outro que avalia as opções de reassentamento das famílias deslocadas pelo desastre, muitas das quais não estão satisfeitas com os acordos feitos até agora.

Esses esforços acadêmicos fornecem uma base fundamental para enfrentar os desafios contínuos decorrentes de um desastre que alterou para sempre a paisagem de Maceió e a vida de seus moradores.

Jornal Rede Repórter - Click e confira!


Botão Voltar ao topo