O evento não foi apenas uma vitrine dos talentos e saberes locais, mas também o resultado de um esforço coletivo das comunidades para se organizarem em rede. Sob coordenação da Embrapa Alimentos e Territórios e financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), essas comunidades fazem parte do projeto Paisagens Alimentares, que busca valorizar os territórios por meio da cooperação e inovação social.
A feira ofereceu aos visitantes a oportunidade de degustar e adquirir produtos como beijus, bricelets e queijadinhas de São Cristóvão (SE), doces tradicionais de Olho D’Água do Casado (AL) e artesanato inspirado nas pinturas rupestres, também de Alagoas. A diversidade da oferta alimentícia impressionou com fermentados e geleia de jabuticaba de Palmeira dos Índios (AL) e iguarias variadas de Pernambuco, como caldinhos de sururu e marisquinho de Barra de Sirinhaém.
Além da exposição de produtos, a programação incluiu rodas de conversa facilitadas por especialistas da Embrapa e da Ufal, que discutiram temas como turismo sustentável, governança, cooperativismo e comunicação participativa. Oficinas variadas de gastronomia, artesanato e pinturas rupestres, além de apresentações culturais, completaram o evento.
O chefe-geral da Embrapa Alimentos e Territórios participou da abertura e destacou a importância de valorizar a cultura alimentar local, agradecendo aos participantes e parceiros do projeto. Em coro com essa fala, Aluísio Goulart, supervisor de Inovação e Tecnologia da Unidade, ressaltou o papel da organização social dessas comunidades para a execução e sucesso do projeto.
Carlos Everaldo da Costa, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Ufal e coordenador da feira, enfatizou a importância das relações institucionais para o desenvolvimento dos grupos. “Mostrar para esses grupos as relações que eles precisam ter com outros órgãos e comunidades é crucial para o desenvolvimento dos seus trabalhos”, destacou.
Representantes de diversas associações e cooperativas dos três estados participaram do evento, como a Cooperativa Mista de Produção e Comercialização Camponesa (Coopcam) de Alagoas e a Associação das Marisqueiras de Sirinhaém de Pernambuco. A interação e troca de conhecimentos promovida pela feira promete fortalecer ainda mais os laços entre essas comunidades.
Jadriane de Almeida Xavier, professora do Instituto de Química e Biotecnologia da Ufal, destacou a importância das pesquisas em andamento sobre os benefícios dos produtos locais e as possibilidades de parceria com cooperativas, mostrando o papel vital da universidade na valorização e desenvolvimento dessas iniciativas.
O evento também foi elogiado por seus visitantes. Wagner Ferreira da Silva Júnior, produtor cultural, elogiou a pluralidade de expressões culturais e os momentos de nostalgia proporcionados pelas comidas tradicionais. Marta Angélica Santos Góes, de São Cristóvão, destacou a união promovida pela Rede, enquanto Cláudio de Freitas Pageú elogiou a troca de conhecimentos entre os territórios.
Para José Hélio Pereira da Silva, presidente da Coopcam, a feira foi mais do que um evento comercial: foi um momento de celebração, reflexão e construção de novos caminhos. Com iniciativas como essas, as comunidades não só promovem seus produtos, mas também fortalecem seus laços e potenciam seu desenvolvimento econômico e cultural.