Os dados são alarmantes. Países como Marrocos, Mauritânia e Tunísia receberam, em conjunto, quase 1 bilhão de euros da UE, valores que superam o Produto Interno Bruto (PIB) de várias nações. Enquanto isso, o que se tem observado é o emprego desses recursos de forma descabida, servindo para enviar migrantes ao deserto do Saara, uma região árida e inóspita, onde há escassez de água e alimento. Denúncias de tráfico de pessoas e abuso de direitos humanos emergem nesse cenário sombrio.
O especialista em políticas africanas, Mamadou Alpha Diallo, critica veementemente essa abordagem europeia. Segundo ele, essa estratégia não apenas ignora as raízes do problema da imigração, como também pode estar gerando mais conflitos nas nações africanas. Ele ressalta que a falta de oportunidades e a ausência de um ambiente pacífico levam os jovens a buscarem melhores condições de vida fora de seus países.
Diallo menciona que, historicamente, bilhões de euros destinados ao combate à pobreza na África acabaram enriquecendo uma elite restrita, sem trazer benefícios significativos para a população em geral. Agora, com a quantia substancial que chega a países como Marrocos e Mauritânia, a expectativa é que esses fundos sejam utilizados para criar empregos e promover o desenvolvimento, ao invés de mais repressão.
A atual situação migratória na Europa é crítica, com quase 87 mil pessoas chegando de maneira irregular só em 2024, a maior parte através da Espanha e Itália. Isso coloca em evidência a ineficácia das políticas de controle feitas em parceria com os países africanos. Embora a narrativa oficial tente vincular os desafios da Europa à imigração, especialistas argumentam que este não é o verdadeiro cerne do problema. A crise migratória é, muitas vezes, um reflexo das somas de tensões históricas, políticas inadequadas e uma necessidade urgente de reforma nas condições sociais dos países de origem dos migrantes.