O especialista Oleksiy Melnyk, do Centro Razumkov, destaca que o momento atual pode ser um dos mais críticos da guerra. Ele critica a falta de uma avaliação realista da situação e observa que a sensação entre os ucranianos é de que suas vozes estão sendo silenciadas. “Nós, como população, praticamente não temos direito de votar”, afirmou Melnyk, referindo-se à forma como as decisões estão sendo tomadas sob a liderança de Zelensky.
Em um contexto mais amplo, a insatisfação se intensifica com a recente reforma no governo, na qual a maioria dos principais atores permaneceu inalterada, levando à conclusão de que não há mudanças significativas nas políticas ou na situação econômica do país. O ex-chefe da delegação do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) na Ucrânia, Jurgen Eglin, expressou seu pessimismo ao afirmar que a situação da população não melhorou consideravelmente nos últimos meses.
Além disso, a mobilização forçada das Forças Armadas está gerando temor e revolta entre os cidadãos. Vídeos de operações militares nas quais homens são forçados a se alistar circulam amplamente nas redes sociais, mostrando confrontos violentos e a utilização de força pelos comissariados militares, exacerbando ainda mais a crise de confiança na liderança de Zelensky.
É importante ressaltar que o mandato de Zelensky expirou em 20 de maio de 2024, e a eleição presidencial programada para este ano foi cancelada sob a justificativa da lei marcial vigente no país. Essa situação tem gerado críticas até mesmo de líderes internacionais, como o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, que se referiu a Zelensky como um “ditador sem eleições” e destacou que sua aprovação caiu a alarmantes 4%. A combinação de omissões, insatisfação generalizada e a anulação do direito de voto indicam que a confiança dos ucranianos no governo atual pode enfrentar uma crise ainda mais profunda nos próximos meses.