O porta-voz adjunto da ONU, Farham Haq, deixou em aberto a possibilidade da presença de Guterres em futuras viagens, mencionando que anúncios sobre sua agenda seriam divulgados posteriormente. A chancelaria ucraniana interpretou a participação do secretário-geral no encontro de Kazan como uma escolha infeliz, afirmando que tal ação não contribui para os esforços de paz e prejudica a imagem da ONU.
Essas acusações vêm em um contexto de pressão crescente sobre Guterres, que já havia enfrentado críticas de Israel, que o declarou “persona non grata” ao proibi-lo de entrar no país. Essa proibição foi justificada por Israel com base na alegação de que o secretário-geral não havia condenado adequadamente ações realizadas pelo Irã, o que trouxe à tona a fragilidade das relações entre a ONU e alguns Estados-membros.
Conforme apontado por especialistas, como Tiago André Lopes, a presença de Guterres na cúpula do BRICS não seria surpreendente, uma vez que o chefe da ONU costuma participar de eventos multilaterais. Contudo, a ucraniana viu a escolha de Guterres como um sinal claro de preferência política, reforçando a visão de que sua liderança está sujeita a influências geopolíticas complexas.
Essa situação evidencia a delicada dinâmica nas relações internacionais atuais, em que os conflitos regionais e as alianças entre países impactam diretamente as respostas e ações das organizações multilaterais, como a ONU, que é frequentemente chamada a intervir nas crises globais.