Tito Livio Barcellos Pereira, especialista em estudos estratégicos de defesa, aponta que este movimento de Trump demonstra a expectativa de que os Estados Unidos não devam mais arcar com todos os custos associados à segurança europeia. A situação atual, marcada por um aumento nas tensões entre Ocidente e Rússia, pressionará os países europeus a se unirem e fortalecerem sua própria defesa. As implicações desse novo cenário podem ser profundas, com a possibilidade de que a falta de uma posição unificada possa enfraquecer a influência europeia nas negociações de paz.
Enquanto Trump enfatiza a necessidade de que a Europa se faça mais responsável, Tatiana Garcia, pesquisadora da UFRGS, sugere que a resposta da União Europeia dependerá de sua coesão interna. Ela delineia dois possíveis cenários: um onde divisões internas dificultam uma resposta conjunta forte, e outro onde a Europa busca acelerar seus projetos de defesa estratégica, buscando menos dependência dos EUA e explorando parcerias alternativas. O desprezo percebido de Trump em relação ao continente pode atuar como um catalisador para uma Europa mais independente, segundo Garcia, mas isso exigirá investimentos substanciais e uma superação de divergências internas.
Neste contexto, a União Europeia já está arcando com a maior parte dos custos associados ao apoio militar à Ucrânia. O retrocesso do apoio norte-americano sob um governo Trump pode forçar a Europa a reconsiderar sua dependência estratégica. Apesar das incertezas, a resposta da UE à nova realidade diplomática deverá ser pautada pela união entre seus membros e pela busca por maior autonomia na defesa. A complexidade do atual panorama político global sugere que o equilíbrio entre interesses europeus e a presença militar americana continuará a ser um tema central nas relações transatlânticas.