O impacto dessa política tarifária poderá ser especialmente significativo para os medicamentos genéricos, que correspondem a uma parcela dominante das prescrições realizadas nos Estados Unidos, representando aproximadamente 90% do total, segundo estimativas recentes. Essas opções de medicamentos, que possuem os mesmos componentes ativos que suas contrapartes de marca, são geralmente mais acessíveis; no entanto, precisam lidar com margens de lucro extremamente baixas. Diante desse cenário, as empresas que fabricam esses medicamentos poderiam se ver incapazes de arcar com os custos adicionais decorrentes das tarifas, o que, em última análise, pode resultar em um aumento dos preços para os consumidores.
Analistas apontam que, embora a iniciativa de Trump tenha como objetivo estimular a produção interna e reduzir a dependência de importações, a curto prazo, essa estratégia pode não ser capaz de suprir as lacunas na capacidade produtiva doméstica. Ao invés de resolver o problema dos altos custos médicos, as tarifas podem levar ao aumento dos preços dos medicamentos e, potencialmente, à escassez de produtos no mercado. Essa situação coloca em risco o bem-estar da população americana, que depende da disponibilidade de medicamentos acessíveis para seu cuidado diário.
A proposta de Trump é vista como um desafo à dinâmica tradicional da indústria farmacêutica, que historicamente se beneficia do acesso a medicamentos importados a preços razoáveis. Com o setor em meio a um cenário de incertezas econômicas, as medidas que visam proteger a produção nacional podem, de fato, inviabilizar o acesso dos cidadãos a tratamentos essenciais, criando um dilema ético e econômico à medida que os custos se elevam e a acessibilidade se estreita.