Os analistas afirmam que a proposta de aquisição ou ocupação militar de Trump poderia criar instabilidade na região, mas não alteraria substancialmente a balança de poder. A Groenlândia, embora rica em potenciais recursos devido ao derretimento do gelo provocado pelas mudanças climáticas, mantém um relacionamento histórico com a Dinamarca, que é parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Nesse contexto, muitos veem as ameaças de Trump como uma bravata política, mais uma tentativa de mobilizar sua base e consolidar seu poder interno do que uma ação viável.
Hugo Albuquerque, um renomado jurista e analista geopolítico, sugere que o contínuo interesse de Trump pela Groenlândia reflete um desejo de transformar a ilha em um protetorado americano, dado que tanto a Dinamarca quanto a União Europeia parecem não ter uma presença significativa na região. Para Albuquerque, essa política é uma estratégia para aumentar a pressão sobre os aliados ocidentais, especialmente em um cenário onde a Dinamarca tem limitações em sua capacidade de reivindicar a soberania total sobre a Groenlândia.
Por outro lado, Luiz Felipe Osório, professor de relações internacionais, considera irrealista a ideia de uma ocupação militar efetiva, afirmando que os EUA já desfrutam de uma posição privilegiada no Atlântico Norte, em virtude de sua atuação na OTAN. Ele destaca que a retórica ardente de Trump é mais sobre garantir apoio interno do que sobre concepções geopolíticas amparadas em um planejamento estratégico robusto.
A apreensão global se acentua especialmente no que tange ao Canal do Panamá, que Trump sugeriu poderia ser feito um movimento militar para garantir o controle sobre uma via de transporte vital, especialmente em meio às tensões comerciais com a China. Esse movimento, segundo analistas, poderia facilitar uma política de controle econômico, prejudicando concorrentes. No entanto, todos concordam que, até o momento, essas declarações estão mais alinhadas a bravatas de um político que está tentando galvanizar apoio, em vez de constituírem propostas viáveis ou realistas. Assim, o jogo geopolítico não só se intensifica, mas também revela as complexidades das relações internacionais contemporâneas.