Executivos do setor de infraestrutura apontam que esse processo já está em andamento, porém muitas concessões ainda possuem contratos que não contemplam os riscos climáticos, o que tem gerado ações em busca de reequilíbrios financeiros nos acordos. A falta de definições claras sobre o que seria considerado imprevisível ou extraordinário em eventos climáticos tem levado a discussões sobre a responsabilidade dos prejuízos, muitas vezes revertendo para os cofres públicos.
Os contratos de infraestrutura concedidos à iniciativa privada geralmente estabelecem que eventos imprevisíveis devem ser arcados pelo poder público. No entanto, a falta de especificações sobre os riscos climáticos tem aberto espaço para debates e revisões contratuais. A necessidade de parâmetros mais detalhados para calcular o impacto econômico dos riscos torna-se evidente, visando adaptar as premissas financeiras dos contratos.
A questão dos seguros de infraestrutura também é um tema em pauta. Muitas obras possuem riscos não devidamente mensurados, o que dificulta a obtenção de cobertura de seguros e resseguros. A falta de mapeamentos precisos e avaliações detalhadas dos riscos tem sido um obstáculo para a contratação de seguros, o que acaba afastando investidores em potenciais leilões e projetos.
O episódio das chuvas no Rio Grande do Sul coloca em evidência a necessidade de repensar e reorganizar os contratos de infraestrutura, visando uma melhor gestão dos riscos climáticos e uma maior resiliência das infraestruturas. A experiência internacional mostra que é possível aprender com eventos extremos e melhorar a qualidade dos contratos para enfrentar desafios futuros. O momento é de reavaliação e adaptação para garantir a sustentabilidade e segurança das infraestruturas no país.