Tráfico de armas dos EUA para o México é alvo de denúncias; Sheinbaum questiona cúmplices no crime organizado e busca ação judicial contra fabricantes americanos.



A questão do tráfico de armas do Estados Unidos para o México recobre uma realidade complexa, em que os cartéis de drogas desempenham um papel central. Recentemente, o Departamento de Estado dos EUA classificou grupos criminosos como o cartel de Sinaloa e o Jalisco Nova Geração como “organizações terroristas estrangeiras”, destacando a ameaça que representam não apenas para a segurança interna dos EUA, mas também para os interesses econômicos e a política externa do país. Essa caracterização abre caminho para o México buscar uma ampliação de ações judiciais contra fabricantes de armas e vendedores americanos.

É alarmante notar que, de acordo com dados do Escritório de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos (ATF), aproximadamente 74% das armas recuperadas no México têm origem nos estados do Texas, Arizona e Califórnia. A presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, chamou a atenção para o fato de que empresas de armamento dos EUA poderiam ser consideradas cúmplices do crime organizado, dado o fluxo de armamento para o território mexicano.

Uma pesquisa da Universidade George Washington indica que existem mais de 9 mil estabelecimentos que vendem armas na fronteira entre os EUA e o México, muitos oferecendo armamentos de alto calibre. Este cenário se torna ainda mais preocupante à luz da Avaliação Nacional sobre o Comércio e o Tráfico de Armas de Fogo, que revela que a maior parte das armas traficadas é destinada a áreas controladas por cartéis.

Especialistas em segurança, como José Alberto Guerrero Baena, enfatizam o papel lucrativo das lojas de armas na indústria do crime, apontando que nos EUA o comércio de armamentos isento de controles rigorosos resulta em uma abundante oferta para grupos criminosos. Montserrat Martínez Téllez, analista do Fórum On The Arms Trade, complementa que essa regulamentação frouxa facilita o fluxo de armamento sem necessidade de intermediários.

O impacto da violência armada no México é refletido em estudos que associam o aumento do tráfico de armas à desregulamentação do comércio de armamentos nos EUA e à guerra contra as drogas no México. A organização Stop US Arms To Mexico e outros relatórios alertam que a produção de armas nos EUA quadruplicou em relação a dados anteriores, sinalizando um potencial aumento no número de armamentos corticostados anualmente.

Diante deste panorama, o governo mexicano já iniciou ações judiciais contra fabricantes de armas nos EUA, com esperanças de provocar uma resposta mais assertiva para frear o fluxo ilegal de armamentos que alimentam a violência do narcotráfico. A empreitada ainda enfrenta muitos desafios e resistência de políticos americanos com laços na indústria de armamentos. A Corte Suprema dos EUA acaba de aceitar argumentos de fabricantes de armas, que visam derrubar as acusações de facilitação ao tráfico.

Desta maneira, os esforços do México para regulamentar e restringir a venda de armas suscitam um debate sobre a necessidade urgente de medidas mais rígidas que possam efetivamente limitar o alcance do tráfico e, por conseguinte, a violência que assola o país.

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