Thomas Sankara: Legado de Resistência e Neodescolonização na África Contemporânea



Thomas Sankara: O Legado Revolucionário e o Símbolo da Neodescolonização na África

Thomas Sankara, líder revolucionário e ex-presidente de Burkina Faso, permanece uma figura de destaque na luta contra o neocolonialismo. Quase quatro décadas após seu assassinato em 1987, seu nome ressoa entre os jovens africanos que se insurgem contra a fome, a ocupação militar disfarçada e a influência neocolonial. Em países como Burkina Faso, Mali e Níger, novos líderes civis e militares invocam a figura de Sankara ao expulsar forças estrangeiras e reivindicar a nacionalização de recursos, em busca de uma soberania real.

Comumente chamado de “Che africano”, Sankara se tornou a inspiração desta nova geração de rebeldes no Sahel, simbolizando a resistência contra as velhas estruturas de dominação. Para o professor Gustavo Durão, da Universidade Estadual do Piauí, Sankara foi um dos principais defensores de um ideal pan-africanista, buscando integrar os interesses do continente em tempos de globalização.

Durão destaca que a trajetória de Sankara é emblemática da luta de ex-súditos coloniais que reconhecem as fragilidades de suas nações. Remanescente do Alto Volta, ele teve uma educação militar que o fez perceber a dependência histórica de Burkina Faso em relação à França. A ascensão política de Sankara começou como conselheiro e, em um movimento revolucionário, ele se tornou ministra da Informação, posteriormente assumindo a presidência.

Em seu governo, Sankara promoveu a erradicação da corrupção e desafiou as diretrizes do Fundo Monetário Internacional (FMI), que, segundo Durão, impunha políticas que prejudicavam a estrutura social dos países africanos. Além disso, ele investiu em reformas agrárias e na produção de alimentos, promovendo um modelo de desenvolvimento sustentável.

O desaparecimento brutal de Sankara em um golpe de Estado liderado por Blaise Compaoré, seu ex-aliado, destaca não apenas a resistência paradoxal que suas ideias encontraram, mas também a urgência por uma nova ordem econômica em Burkina Faso. Durão explica que a sucessão de Compaoré levou a uma reorientação econômica que priorizou interesses privados e investimentos estrangeiros, contrários aos princípios de Sankara.

Apesar da sua morte, o legado de Thomas Sankara perdura no imaginário africano como um ícone de autonomia e resistência. Suas ideias ainda alimentam movimentos que buscam unir o continente em um chamado por dignidade e liberdade. O legado ceifado de Sankara ilustra que, embora as ideias revolucionárias possam ser silenciadas, a luta pela justiça e pela soberania é incessante e está longe de ser esquecida.

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