Tensão no Mercosul: Governo Milei bloqueia avanços e marca distanciamento em relação à agenda de integração do Brasil, apontam analistas.



O governo argentino, sob a liderança de Javier Milei, tem enfrentado críticas por sua postura em relação ao Mercosul. Desde que assumiu o cargo, há cinco meses, Milei retardou a nomeação do brasileiro Luciano Wexell para a coordenação técnica do Fundo para a Convergência Estrutural do Mercosul (Focem). Criado em 2004 durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o fundo visa reduzir as desigualdades entre os países membros — Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia —, e é principalmente financiado por Brasil e Argentina. Ele atua como um mecanismo para impulsionar o desenvolvimento das nações mais carentes do bloco.

A posição de Milei surge em um contexto marcado por um distanciamento nas relações entre Brasil e Argentina, refletindo mudanças nas orientações políticas dos dois países. Enquanto o governo brasileiro busca fortalecer o Mercosul e promover a integração regional, a administração de Milei mostra-se reticente e até hostil a iniciativas que possam unir os países sul-americanos. Cairo Junqueira, professor de Relações Internacionais, destaca que as divergências atuais não são inéditas e muitas vezes refletem um jogo político entre os líderes. Ele observa que o Mercosul tende a prosperar quando os governos de Brasil e Argentina estão em sintonia e se deteriora em momentos de tensão.

Adicionalmente, a ausência de Milei na reunião do Mercosul em julho, ocorrida no Paraguai, é vista como um sinal claro de sua indiferença e distanciamento do bloco. Historicamente, essa dinâmica demonstra que quando as relações entre os presidentes se tornam distantes, as ações conjuntas tendem a paralisar, criando um ambiente de inércia nas iniciativas do Mercosul. Esse contexto atual contrasta fortemente com os esforços de Lula, que reafirma seu compromisso com a integração e busca alternativas diplomáticas para engajar os parceiros sul-americanos.

Por outro lado, observadores políticos, como Bruno Lima Rocha, argumentam que a posição de Milei, que se opõe à construção de planos conjuntos no Mercosul, reflete um atraso nas possibilidades de cooperação econômica entre os países. Especialistas sugerem que um trabalho efetivo entre os membros poderia incluir desde a criação de uma moeda comum até um sistema de comercialização estruturado. Entretanto, a administração atual da Argentina parece se afastar desses objetivos, adotando uma visão que prioriza, inadvertidamente, uma subordinação econômica em relação às potências ocidentais, desconsiderando potencialidades do Mercosul que poderiam ser exploradas em beneficio comum. Este cenário sinaliza desafios significativos para a integração na América do Sul e para as expectativas de desenvolvimento econômico mútuo.

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