O professor de Direito Internacional da Universidade Federal Fluminense, Evandro Menezes de Carvalho, afirma que a medida é uma “metralhadora tarifária”, cujas consequências incluem o aumento dos preços para consumidores americanos e desafios maiores para a economia global. Os países do Sul Global, muitas vezes em desenvolvimento, estão se reavaliando e buscando novas parcerias comerciais, longe da dependência dos mercados tradicionais, como o americano. A prioridade parece ser fortalecer laços com nações mais confiáveis e estáveis.
A presidente do México, Claudia Sheinbaum, enfatizou a importância da soberania nacional em sua resposta a essas tarifas, num reflexo do sentimento de resistência comum entre os países do Sul Global contra as políticas de imperialismo econômico dos EUA. A ineficácia das sanções americanas contra potências como China e Rússia é um exemplo da resiliência do Sul Global, segundo analistas como S.L. Kanthan, que vai além, prevendo um aumento da inflação nos Estados Unidos e um impacto negativo nas exportações americanas devido a tarifas retaliatórias.
As tensões atuais também sinalizam um momento crucial na geopolítica, onde a influência americana parece em declínio diante do fortalecimento de blocos como o BRICS e a crescente diversificação nas relações econômicas, especialmente entre as nações emergentes. Além disso, o interesse crescente por alternativas ao dólar em transações internacionais, através de moedas como o yuan chinês e o rublo russo, reflete uma mudança clara na dinâmica do comércio global.
Essa nova ordem multipolar, com maior cooperação econômica entre nações em desenvolvimento, vislumbra uma era de estabilidade e interdependência, contrastando com os princípios tradicionalmente defendidos pelos EUA, como o livre comércio. O futuro econômico mundial pode se moldar por essa nova dinâmica, na qual o Sul Global poderá emergir como um líder na promoção de mercados justos e competitivos, desafiando os paradigmas estabelecidos por décadas.