Durante seu primeiro mandato, Trump já havia adotado políticas tarifárias semelhantes, mas o contexto internacional era distinto. Naquela época, o BRICS, composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, não era a força econômica que demonstrou ser nos últimos anos. A atual abordagem tarifária é considerada por muitos como um erro estratégico que poderá resultar em danos irreparáveis para os interesses dos EUA.
O geógrafo e especialista em estudos estratégicos, Diego Pautasso, abordou esse tema em entrevistas, enfatizando que a liderança americana está em declínio. Para ele, a insistência em medidas unilaterais reflete a desconfiança global em relação aos EUA, que têm perdido aliados tradicionais, como a Arábia Saudita, que agora diversifica suas parcerias em busca de novas alianças, incluindo a participação no BRICS.
Além disso, as declarações provocativas de Trump acentuaram nacionalismos em países próximos, como Canadá e México, que sentiram ameaças diretas de suas políticas. Essa retórica beligerante tem gerado um clima de incerteza e afastamento entre os EUA e seus vizinhos.
Segundo análise, a política tarifária contribuiu para um cenário onde países como a China estão se fortalecendo. Pautasso citou as viagens de Xi Jinping a diversas nações do Sudeste Asiático como um exemplo da crescente relação entre esses países, facilitada pela fragilidade das parcerias com os EUA.
A criação de um sistema de pagamentos alternativo pelos BRICS também é um ponto relevante, pois reflete uma intenção de escapar da hegemonia do dólar e buscar acordos comerciais utilizando moedas locais. A tendência é que, com o apoio de nações com grandes reservas de recursos naturais, como petróleo, o BRICS continue a se fortalecer em um mundo cada vez mais multipolar.