O advogado de Bolsonaro, Celso Vilardi, argumentou que o ex-presidente não participou do plano golpista e que, ao contrário, colaborou durante a transição do comando das Forças Armadas ao final de seu mandato. Vilardi enfatizou a impossibilidade de colocar Bolsonaro como líder de uma organização criminosa e desta forma, cruzou a linha entre um debate jurídico e um apelo emocional, desafiando a narrativa de que o ex-presidente seria responsável pelos acontecimentos.
Contudo, essa defesa foi considerada “frágil” por Clarisse Gurgel, uma especialista em ciência política. Ela apontou que a estratégia de Vilardi incluiu desqualificar a delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e alegar que o ex-presidente se opôs ao acampamento que se formou em Brasília. As defesas apresentaram também pedidos para afastar ministros do julgamento e transferir o caso para o plenário do Tribunal, todos os quais foram negados pelos ministros presentes.
A sessão de julgamento, em sua essência, revelou um choque entre a seriedade do processo judicial e a gravidade da situação que provou o tumulto em janeiro. O contraste entre as alegações de barbárie e a formalidade da corte levantou questões sobre como o futuro político de Bolsonaro, de seus aliados e do bolsonarismo como movimento, será moldado pelas decisões futuras.
Caso os acusados se tornem réus, os efeitos políticos serão profundos e complexos. A análise indica que a prisão de Bolsonaro pode não significar o fim do bolsonarismo, pois seria possível que ele se consolidasse como mártir diante de seus apoiadores. Por outro lado, a opinião pública e a classe política parecem estar se ajustando lentamente à ideia de responsabilização dos acusados, o que poderia impactar diretamente as próximas eleições.
Além disso, o caso ganhou atenção internacional, com o governo dos Estados Unidos, sob a administração de Donald Trump, monitorando de perto o desenrolar dos eventos e discutindo potenciais respostas. Essa dinâmica sugere que o julgamento não afeta apenas o Brasil, mas também suas relações diplomáticas com outros países, especialmente em um momento histórico onde o papel das Forças Armadas e as influências externas sobre o governo brasileiro estão em jogo. A análise do impacto do julgamento no cenário político e nas instituições democráticas continua a ser uma questão central enquanto se aguarda a decisão iminente do STF.