As emendas de comissão, objeto de suspensão desde o dia 23 de dezembro, fazem parte de um contexto mais amplo de questionamentos acerca da transparência e rastreabilidade na gestão dos recursos públicos. Em sua decisão, Dino destacou que, para a manutenção das emendas relativas ao ano de 2024, os deputados devem responder a quatro questionamentos essenciais, de modo a esclarecer se todas as emendas mencionadas no ofício foram realmente aprovadas nas comissões, quem propôs e aprovou modificações nas emendas e quais normas regimentais foram seguidas no trâmite do ofício.
Vale ressaltar que o ministro Flávio Dino assumiu a condução em relação a essa questão após a aposentadoria da ministra Rosa Weber, responsável inicial pelo caso. Além da suspensão das emendas, Dino também determinou uma auditoria pela Controladoria-Geral da União (CGU) para investigar a destinação de recursos das emendas do que tem sido denominado “orçamento secreto”.
O questionamento sobre as emendas parlamentares remonta a uma ação do PSOL, que solicitou ao STF a avaliação das práticas em relação às emendas impositivas, que somam R$ 8,2 bilhões neste ano. Esse tipo de emenda é obrigatoriamente executada pelo governo, e as regras em torno delas têm sido alvo de severas críticas em relação à falta de transparência nas liberações de recursos. O contexto se intensificou em agosto, quando o STF suspendeu a execução de emendas impositivas até que o Congresso estabelecesse novos procedimentos visando garantir maior clareza na liberação dos recursos.
A situação atual reascende o debate sobre as chamadas “emendas Pix”, que permitem repasses diretos a estados e municípios, mas frequentemente são criticadas pela opacidade que envolve a definição de seus destinos. Desde dezembro de 2022, o STF já havia solicitado a suspensão do pagamento dessas emendas, impondo exigências de clareza em sua distribuição. O termo “orçamento secreto” se refere a essa falta de transparência, que muitos afirmam favorecer exclusivamente certas alianças políticas dentro do Congresso Nacional.
A expectativa agora gira em torno das respostas que a Câmara deve fornecer ao STF e das medidas que poderão ser adotadas para assegurar um manejo mais responsável e transparente das emendas parlamentares no futuro.