Startup Yara Couro da Amazônia cria nova cadeia produtiva e transforma pele de pirarucu em couro para moda sustentável.



O pirarucu, maior peixe da Amazônia, está prestes a se tornar uma importante fonte de matéria-prima na indústria da moda. Assim como outras espécies encontradas nos rios amazônicos, como acará-açu, corvina e pescada-amarela, a pele do pirarucu será transformada em couro para a confecção de bolsas, sapatos, bijuterias e acessórios, além de ser utilizada como revestimento de móveis de alto padrão.

A iniciativa está sendo liderada pela startup Yara Couro da Amazônia, que recebeu um financiamento de R$ 2 milhões do Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio) para instalar uma fábrica-piloto em Santana, no Amapá. A ideia partiu do empreendedor Frank Portela e de sua sócia, a publicitária Bruna Freitas, que perceberam o potencial do couro de peixe e decidiram explorar essa oportunidade de forma criativa e sustentável.

Embora o uso do couro de peixe não seja uma novidade, os produtos atualmente disponíveis no mercado são feitos de forma artesanal na região. A proposta da Yara Couro da Amazônia é estabelecer parcerias com pescadores e piscicultores fornecedores de tilápia, de forma a garantir uma quantidade suficiente de peles de peixe para atender a demanda de marcas de alcance nacional.

A startup planeja treinar os pescadores para preservar as peles e retirá-las com precisão, de modo que não apresentem rasgos ou avarias. Além disso, no processo de curtição do couro, serão utilizados taninos vegetais manipulados com plantas da região, em substituição aos poluentes sais de cromo. Para a coloração, serão exploradas soluções encontradas na floresta, como o uso de corantes à base de açaí e urucum.

Um dos diferenciais desse projeto é que os pescadores serão remunerados pelo fornecimento das peles, que atualmente são tratadas como lixo. Carlos Koury, do Instituto de Desenvolvimento da Amazônia (Idesam), destaca que o recolhimento dos resíduos do pescado tem sido feito sem geração de renda para os pescadores, mesmo quando são utilizados por terceiros.

A expectativa é que a fábrica-piloto da Yara Couro da Amazônia gere 200 empregos diretos quando estiver em pleno funcionamento. Além disso, a iniciativa contribuirá para dar visibilidade e valorização à identidade da Amazônia, através da produção de itens de moda sustentável e de alta qualidade.

Em resumo, a transformação da pele do pirarucu em couro para a indústria da moda representa uma nova oportunidade de desenvolvimento socioeconômico para a região amazônica, valorizando uma espécie abundante nos rios e promovendo a sustentabilidade na cadeia produtiva. Além disso, o projeto colabora para a preservação do meio ambiente, ao utilizar métodos de produção menos poluentes e valorizar os resíduos do pescado, que antes eram descartados.

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