Além de suas contribuições acadêmicas, De Masi era também um escritor prolífico. Seu livro mais conhecido, “Ócio Criativo”, publicado em 2000, causou polêmica ao defender que o ócio tem seu lado positivo e pode estimular a criatividade pessoal. O sociólogo também escreveu outras obras, como “Desenvolvimento Sem Trabalho”, “A Emoção e a Regra” e “O Futuro do Trabalho”.
A amizade pessoal entre De Masi e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva era pública. O sociólogo visitou Lula na cadeia em Curitiba, em 2019, e declarou que a prisão não diminuiu o prestígio do líder político no exterior. De Masi enxergava Lula como uma grande liderança mundial, talvez a maior de todas. No entanto, o sociólogo não poupou críticas ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro durante o auge da pandemia de Covid-19. Ele afirmou que o Brasil poderia ter evitado muitas mortes se tivesse aprendido com o que ocorreu na Itália, um dos primeiros países a serem duramente atingidos pela doença.
Ao longo de sua vida, De Masi se dedicou a estudar e analisar as transformações do trabalho. Ele testemunhou as transições do trabalho desde um sistema rural milenar até uma ordem industrial bicentenária e, posteriormente, o advento pós-industrial. Em seu livro mais recente, “O trabalho no século XXI”, lançado em 2022, De Masi discute o declínio da perspectiva industrial na economia e defende uma produção mais inteligente, livre e flexível, que valorize a felicidade humana. Segundo o sociólogo, a produtividade aumentou ao longo dos anos, alterando a relação entre tempo de trabalho e tempo livre, em favor deste último.
De Masi acreditava que ainda não nos conscientizamos da importância do ócio criativo devido a uma sociedade que por séculos esteve centrada no trabalho. No entanto, a pandemia de Covid-19 gerou reflexões e produziu o fenômeno da “The Great Resignation”, ou seja, a “grande renúncia”, evidenciando a necessidade de repensar a relação entre trabalho e ócio.
Para homenagear a relação de De Masi com o Brasil, ele se tornou cidadão honorário da cidade do Rio de Janeiro em 2010. O sociólogo e Lula mantiveram essa relação próxima, tendo o ex-presidente marcado um encontro com De Masi durante sua viagem a Roma, em junho deste ano.
A morte de Domenico de Masi representa uma perda significativa no campo acadêmico e intelectual, deixando um legado de reflexões e ideias sobre trabalho, ócio e felicidade.