Lucas de Barros, gerente de qualificação da Secretaria, destacou a relevância da pesquisa, feita em parceria com a cooperativa Mãos Verdes. Este levantamento é o primeiro a incluir dados de catadores autônomos e tem como meta cadastrar 1.840 trabalhadores em todo o estado. “O objetivo é usar esses dados para traçar um diagnóstico da situação socioeconômica e, a partir daí, ofertar serviços públicos e programas que melhorem a qualidade de vida desses profissionais”, explicou Barros.
A pesquisa revelou dados significativos, sobretudo no que diz respeito à alfabetização e ao cadastro no Cadúnico. “Muitos catadores não têm nenhum tipo de alfabetização e não estão inscritos no Cadúnico. Com esses dados, podemos encaminhá-los para as secretarias e programas específicos, para que sejam alfabetizados e inclusos nos benefícios sociais do governo”, adicionou o gerente.
Para além do levantamento inicial, a Secretaria já planeja, a partir do próximo mês, iniciar a fase de qualificação e distribuição de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) aos catadores cadastrados. “Vamos oferecer cursos para melhorar a condição de trabalho, esclarecer os direitos dos catadores e aprimorar a qualidade de seu serviço. A doação de fardamentos e EPIs também faz parte do nosso plano, visando tornar o trabalho em cooperativas e associações mais seguro e estruturado, especialmente no que se refere à reciclagem e comercialização”, concluiu Lucas.
O levantamento revelou que 78,39% dos catadores cadastrados residem em Maceió, seguidos por Marechal Deodoro (8,07%), Pilar (6,92%), União dos Palmares (3,46%), Satuba (2,02%) e Arapiraca (1,15%). A expectativa é que a maioria dos futuros cadastros continue concentrada nos grandes centros urbanos.
Entre os dados coletados, destaca-se que 53,9% dos catadores são mulheres, 69% têm entre 31 e 60 anos, e 55% não concluíram o ensino fundamental. Alarmantemente, 27,67% são não-alfabetizados ou analfabetos funcionais. Apenas 15% dos catadores têm ensino médio completo e 98,56% consideram a catação como atividade principal, embora 38% também exerçam outras funções como diarista e pedreiro.
A renda familiar de 67% dos catadores é inferior a R$1.500,00, enquanto 12% ganham acima de R$2.000,00. As famílias geralmente são compostas por até cinco pessoas (87%) e 50,7% dos catadores estão registrados no Cadastro Único para Programas Sociais.
Ademais, a pesquisa revelou um alto grau de desconhecimento sobre direitos profissionais e questões ambientais, com 81,3% dos catadores desconhecendo legislações específicas e 89,6% sem conhecimento sobre educação ambiental. A importância da logística reversa no processo de reciclagem também é desconhecida por 68,6% dos trabalhadores.
Catadores que ainda não participaram da pesquisa podem buscar informações e se cadastrar através de cooperativas ou respondendo aos pesquisadores. Para mais informações sobre o Programa Catamais, é possível enviar um e-mail para [email protegido].
Este diagnóstico inicial ressaltou a urgência de implementar medidas que garantam não apenas a inserção social e econômica desses trabalhadores, mas que também promovam dignidade e melhores condições de trabalho para os catadores de Alagoas.