O Protector oferece aos clientes a oportunidade de contratar profissionais armados, que incluem militares da ativa, veteranos do Exército e policiais, em uma espécie de “uberização” do serviço de segurança pessoal. Embora o conceito de prestadores de serviços armados seja comum nos Estados Unidos, onde o porte de armas é mais liberal e muitos têm formação militar, a situação é mais complexa em países com históricos de violência como o Brasil. Para especialistas, essa dinâmica cria um caldo fértil para a introdução de serviços como o Protector, mas também apresenta desafios legais significativos.
A possibilidade de o aplicativo se estabelecer no Brasil esbarra em questões de legalidade e regulamentação. No país, o porte de armas é restrito e os cidadãos não podem simplesmente adquirir uma arma para prestação de serviços dessa natureza. Para operar de forma legal, as empresas precisariam de registro junto à Polícia Federal, bem como os profissionais armados necessitariam de registro no Exército. Além disso, o fato de o aplicativo estar registrado na corte de Nova York complicaria ainda mais sua legalidade no Brasil, pois qualquer violação da lei local recairia sobre os prestadores de serviço, não sobre a plataforma.
Os especialistas também levantam preocupações sobre a qualidade do treinamento necessário para esses prestadores de serviços. A mera posse de uma arma não garante que alguém esteja apto a atuar como segurança, uma vez que são necessários treinamentos específicos em diversas áreas, como direção defensiva, abordagens táticas e até capacidade de comunicação assertiva.
Outro ponto crucial discutido é a segurança cibernética associada ao uso do aplicativo. A possibilidade de vazamento de dados dos usuários pode transformá-los em alvos potenciais de criminalidade, despertando temores sobre as implicações da “uberização” da segurança pública em locais com altos índices de violência e baixa confiança nas instituições.
Em meio a esse cenário, há um lobby formado pela indústria bélica que poderia pressionar a legalização de serviços como o Protector no Brasil. Contudo, as pressões legais e sociais estão longe de favorecer uma transição tranquila para a implementação desse tipo de serviço no país. Assim, a discussão sobre a viabilidade e os riscos associados ao Protector continua em aberto, refletindo as complexidades da sociedade brasileira frente à insegurança e suas soluções emergentes.