Durante o evento, o senador Paulo Paim (PT-RS), que presidiou a audiência, trouxe à luz números alarmantes: cerca de 7,3 milhões de trabalhadores brasileiros estão expostos ao benzeno em suas profissões. Desse total, aproximadamente 770 mil são considerados como sendo provavelmente afetados. Paim enfatizou a urgência da questão, argumentando que a saúde e a vida dos trabalhadores não podem ser uma preocupação secundária, mas sim uma prioridade para a sociedade e o Estado.
Os profissionais que mais correm riscos incluem aqueles que lidam diretamente com a manipulação, produção e transporte de combustíveis e solventes, como operadores de máquinas e frentistas. Paim também destacou que a mortalidade por leucemia é 70% mais alta entre esses trabalhadores do que na população em geral, um dado que torna a proteção a essas pessoas ainda mais crucial.
Carlos Eduardo Ferreira Domingues, auditor-fiscal do Trabalho, corroborou a importância de revisar as normas de segurança que envolvem a exposição ao benzeno. Ele afirmou que o Brasil está defasado em comparação a outros países no que diz respeito às regulamentações que protegem os trabalhadores dessa substância perigosíssima. A Coordenação em Vigilância em Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde, representada por Lucimara Beserra, também se pronunciu, ressaltando que atualmente não existe um nível seguro de exposição ao benzeno no ar, esclarecendo que mais de 21 doenças, incluindo vários tipos de câncer, estão associadas ao seu contato.
O debate continuou com a participação de engenheiros e médicos, que reivindicaram a redução do teor de benzeno na gasolina e a necessidade de um valor de referência tecnológico muito mais rigoroso. Os especialistas destacaram que a exposição crônica a essa substância é cumulativa e pode ocasionar sérios danos à saúde, além de alertar que pessoas podem ser contaminadas através de produtos de uso cotidiano.
A discussão abre um leque de reflexões sobre a segurança no trabalho e a responsabilidade do Estado em garantir ambientes laborais saudáveis e seguros. A audiência serviu como um chamado à ação para que sejam implementadas medidas eficazes de proteção aos trabalhadores que, diariamente, lidam com esse composto químico nocivo. A importância da vigilância e da atualização das normas de segurança não pode ser subestimada, uma vez que a saúde dos trabalhadores deve ser uma questão central nas políticas públicas.









