Durante seu discurso, Girão destacou que participou de uma audiência pública na Câmara dos Deputados onde pôde ouvir os relatos de parentes e advogados dos detidos, expondo casos de pessoas que continuam detidas mesmo com problemas de saúde e apesar de um parecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR) pela soltura. Segundo o senador, a Associação dos Familiares e Vítimas do 8 de Janeiro apontou que já existem 23 presos com parecer favorável da PGR pela soltura.
Um caso que chamou particular atenção foi o de Cleriston Pereira da Cunha, de 46 anos, que possuía um parecer de soltura da PGR e faleceu no Complexo Penitenciário da Papuda após uma parada cardíaca em novembro. O senador enfatizou que o Senado é corresponsável pela morte do preso, já que, segundo ele, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro teria sido “boicotada” pela maioria governista.
Para Girão, os eventos recentes evidenciam que o Brasil não tem uma democracia plena e questionou para quem essa democracia está sendo aplicada e quem são os beneficiários dos direitos humanos no país. Ele ressaltou que a CPMI escancarou os abusos autoritários que transformaram mais de mil brasileiros em presos políticos, sem direito ao devido processo legal, apesar do boicote das investigações e da total blindagem que a comissão teria sofrido.
A fala do senador Girão trouxe à tona questões extremamente sensíveis e relevantes, ressaltando a importância da garantia dos direitos fundamentais e do respeito ao devido processo legal para todos os cidadãos. A denúncia feita por ele levanta a necessidade de um olhar atento e crítico sobre o sistema carcerário e as garantias democráticas no país.