Dentre as falas proferidas, a senadora Drª Eudócia, que presidiu a mesa, destacou que os efeitos das mudanças climáticas não são sentidos de maneira uniforme. “Mulheres, principalmente nas áreas rurais e em comunidades marginalizadas, enfrentam esses desafios de forma mais intensa”, afirmou, ressaltando a vulnerabilidade inerente a essas populações. Assim, a senadora apelou para que a voz feminina seja cada vez mais ouvida nas deliberações sobre o futuro ambiental.
A parlamentar sul-africana Nqabisa Gantsho chamou atenção para a correlação entre a sub-representação das mulheres na política e a intensidade com que elas enfrentam desastres naturais. Segundo ela, essa situação não apenas aumenta a vulnerabilidade em desastres, mas também abre espaço para outras formas de violência e abuso de gênero. Apoiada por dados da ONU, Sara Falaknaz, dos Emirados Árabes Unidos, apontou que quase 30% dos deslocados por mudanças climáticas são mulheres, ao mesmo tempo em que estas permanecem sub-representadas em negociações climáticas globais.
A discussão também girou em torno do empoderamento e da valorização do conhecimento feminino. Parlamentares como Shabari Byreddy, da Índia, enfatizaram que as mulheres desempenham um papel crucial na gestão de recursos naturais, incluindo a produção alimentar. Isso demonstra como o conhecimento e a experiência dessas mulheres são fundamentais nas estratégias de adaptação e mitigação das mudanças climáticas.
À luz dessa realidade, a deputada brasileira Célia Xakriabá abordou a defesa dos povos indígenas como essenciais na preservação da biodiversidade, chamando a atenção para a necessidade de um enfoque humanitário nas políticas ambientais. Outro ponto levantado foi a importância da equidade de gênero para um desenvolvimento sustentável, o que foi enfatizado por diversos parlamentares durante o encontro.
A deputada Dandara, em sua fala, destacou que a justiça de gênero é um pré-requisito para qualquer pacto sustentável que almeje perdurar. As intervenções revelaram um consenso crescente entre as parlamentares quanto à necessidade urgente de garantir que as mulheres não apenas sejam ouvidas, mas que também ocupem posições decisórias nos processos que moldarão o futuro do planeta.
Após o painel, ocorreu uma reunião focada no papel das mulheres como beneficiárias de financiamentos sustentáveis, coordenada pelo Novo Banco de Desenvolvimento, o que mostra que o compromisso com a inclusão feminina é essencial não apenas nas políticas, mas também na mobilização de recursos financeiros que podem fazer a diferença nos contextos locais e globais.
Em suma, o evento reafirmou a urgência de incluir as mulheres nas discussões sobre a crise climática, não como vítimas, mas como agentes ativas e essenciais na construção de soluções eficazes e duradouras.
