Ivo Mósca, diretor de Inovação da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), iniciou as discussões apresentando dados sobre a penetração do crédito consignado. Ele destacou que, atualmente, apenas 10% dos 45 milhões de brasileiros aptos utilizam esse tipo de financiamento, um cenário que reflete barreiras operacionais herdadas de modelos antigos que dependiam de convênios e sistemas fragmentados. Mósca observou que a nova plataforma digital deve gerar concorrência e fazer com que as taxas de juros recuem, uma vez que a experiência inicial mostrou um aumento de quatro vezes no volume de concessões apenas nos primeiros dois meses de implementação.
O subsecretário de Reformas Microeconômicas do Ministério da Fazenda, Vinícius Brandi, enfatizou a importância social da medida. Ele afirmou que, nas versões anteriores, muitos tomadores, especialmente aqueles com restrições de crédito, eram excluídos do sistema bancário. Contudo, com as novas regras, o trabalhador poderá conduzir seu processo de crédito de forma mais autônoma. “A MP transforma o trabalhador no verdadeiro agente da decisão de crédito”, afirmou Brandi, ressaltando a relevância da transparência nas condições de empréstimos.
A reunião também abordou a necessidade de garantias para populações vulneráveis, com Rodrigo Britto, da Central Única dos Trabalhadores do Distrito Federal (CUT-DF), expressando preocupações acerca do superendividamento. Ele elogiou a inclusão de trabalhadores domésticos e autônomos, mas ressaltou que a falta de educação financeira poderia agravar a situação. “É crucial implementar mecanismos de renegociação”, alertou.
Outros participantes, como Thiago Borba Abrantes, da Organização das Cooperativas Brasileiras, defenderam a prorrogação do prazo para que cooperativas se ajustem às novas regras, ressaltando sua importância na oferta de crédito a custos acessíveis devido ao seu modelo social.
Leonardo Barbosa, da Confederação Nacional das Instituições Financeiras, apresentou a estratégia de “marketplace” que otimiza o processo, permitindo que múltiplos bancos ofereçam propostas instantâneas aos trabalhadores. Ele destacou que a digitalização oferece mais transparência e controle, além de ampliar a competição no mercado.
Além disso, Eduardo Lopes, da Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia, abordou a relevância da portabilidade e como essa mudança poderia impactar positivamente a competitividade.
Durante a sessão, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) elogiou as contribuições e antecipou que as mudanças poderiam contribuir para um crescimento de até 0,7% no PIB no próximo ano, promovendo um acesso mais democrático ao crédito.
A discussão finalizou com um apelo à escuta da sociedade para evitar falhas na implementação da MP, reafirmando a necessidade de ajustes para garantir melhores práticas e proteger os trabalhadores. Com isso, a expectativa é de que as novas regulamentações tragam um impacto positivo tanto no mercado financeiro quanto na vida dos brasileiros.