Durante sua participação, Virgílio respondeu a algumas perguntas do relator da comissão, o deputado Alberto Gaspar, sem, no entanto, abrir mão da estratégia do silêncio em diversos outros questionamentos. O ex-procurador foi afastado de suas funções em abril, após a deflagração de uma investigação da Polícia Federal que apura irregularidades no INSS.
Em diálogo com o senador Izalci Lucas, Virgílio negou que o convite para sua nomeação tenha partido do ex-ministro Carlos Luppi, afirmando que tal convite foi feito pelo ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto. Ele também insistiu que não houve interferência de Stefanutto em sua atuação. Curiosamente, ao ser inquirido sobre se havia sofrido pressões sobre suas declarações, preferiu silenciar-se.
No início de sua fala, Virgílio enfatizou que não é indiciado, réu ou condenado, e reclamou do que considerou um pré-julgamento por parte de alguns membros da comissão. “Sou apartidário e sempre atuei de forma técnica”, afirmou, defendendo sua conduta ao longo da carreira.
O relator Alberto Gaspar questionou Virgílio sobre o crescimento de seu patrimônio, que, segundo informações da CPMI, seria de cerca de R$ 18 milhões nos últimos cinco anos. O ex-procurador não conseguiu explicar este aumento, nem a compra de veículos e imóveis de luxo, como um apartamento em Balneário Camboriú avaliado em R$ 28 milhões. Gaspar chegou a afirmar que Virgílio estaria liderando um dos maiores esquemas de corrupção dentro do INSS.
A conversa ainda se estendeu à aprovação de acordos de cooperação técnica entre o INSS e algumas entidades, incluindo o papel do ex-procurador na análise desses documentos. Virgílio alegou que suas decisões estavam amparadas pelo direito à associação e que não tinha conhecimento prévio de irregularidades.
O depoimento se prolongou por mais de 12 horas, com a comissão ouvindo também a esposa de Virgílio, que foi suspeitada de atuar como “laranja” em possíveis esquemas de desvio de recursos. O cenário que se desenha é de grande apuração, com indícios concretos de envolvimento em corrupção que precisam ser esclarecidos, enquanto a CPMI avança na investigação.









