Marta atribuiu parte do crescimento registrado na população indígena aprimoramentos na metodologia do IBGE. Segundo ela, ainda há aspectos desconhecidos do aumento que só poderão ser analisados após a divulgação de outros dados do Censo, como taxa de natalidade e de mortes entre indígenas.
Flavia e Marta substituíram o presidente do IBGE, Marcio Pochmann, que não compareceu à CPI por estar cumprindo agenda internacional. O presidente do órgão havia sido convidado no lugar do ex-presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Augusto Xavier da Silva, que também não compareceu.
O senador Marcio Bittar, relator da CPI, afirmou que a mudança de metodologia utilizada pelo IBGE é a única explicação possível para o aumento de quase 1 milhão de indígenas no país entre 2010 e 2022. Ele citou uma entrevista dada por Marta ao portal do governo federal, na qual ela afirma que o IBGE ampliou a pergunta “você se considera indígena?” para fora das terras indígenas no último censo.
Marta ressaltou que a alteração de metodologia foi responsável por apenas 55% do aumento da população indígena. Ela mencionou outros fatores que podem ter influenciado no resultado, como menor resistência dos indígenas em responder ao Censo, parcerias com a Funai e treinamento específico de recenseadores.
A participação de ONGs no processo de elaboração do Censo também foi alvo de críticas por parte dos parlamentares. Bittar afirmou que a atuação dessas organizações é “promíscua” e corre o risco de interferência externa de interesses estrangeiros.
A questão da coleta de informações de cor e raça também foi discutida. Os senadores questionaram o método utilizado pelo IBGE, no qual o cidadão autodeclara seu pertencimento racial, sem questionamento ou averiguação do recenseador.
Marta explicou que o método é adotado no Brasil desde 1950 e é internacionalmente aceito. Segundo ela, a autodeclaração funciona melhor para dados estatísticos, já que o órgão lida com grande quantidade de informações. Ela também explicou que o questionário possui cinco opções de cor e raça: branco, preto, pardo, amarelo ou indígena.
Os senadores Jaime Bagattoli e Zequinha Marinho criticaram o modelo, questionando se é lógico alguém com olhos azuis se declarar indígena. Marta respondeu que a autodeclaração é uma percepção da pessoa sobre ela mesma e que o IBGE fez testes de heteroclassificação, nos quais cada recenseador classificava a pessoa de forma diferente.
Ao final da audiência, o senador Plínio Valério criticou a ausência do termo “mestiço” nas opções de cor e raça. Flavia explicou que essa é uma decisão estratégica para permitir a comparação de dados entre os diversos censos e entre outros países.
A CPI aprovou também dois requerimentos para a participação de caciques da etnia xavante em audiências do colegiado. O objetivo é ouvir o ponto de vista dos indígenas sobre a questão.
A CPI das ONGs continua suas investigações a fim de esclarecer os motivos do aumento do número de indígenas no Censo de 2022 e a influência das ONGs nesse processo.