A cerimônia começou de maneira emocionante, com a canção “Sem Medo de Ser Mulher” sendo entoada por representantes do MMC, enfatizando a coragem e a determinação das mulheres envolvidas no movimento. Fundado nos anos 1980, o MMC surgiu em um contexto de transformação na agricultura brasileira e se estabeleceu com o objetivo de promover a agroecologia e combater as diversas formas de opressão e violência de gênero.
A senadora Augusta Brito destacou a relevância histórica da organização, ressaltando o impacto significativo da luta das mulheres camponesas na construção de um futuro mais justo e sustentável. “Mulheres de todo o Brasil se uniram, levantando bandeiras e enxadas, em uma luta por justiça, igualdade e dignidade no campo”, afirmou Brito. Ela salientou ainda a importância de reconhecer e valorizar o papel dessas mulheres na sociedade, um papel muitas vezes negligenciado.
Para a deputada Camila Jara, a sessão representava mais do que uma simples homenagem. “É um agradecimento do povo brasileiro a quem mantém essa estrutura do país de pé”, disse a deputada, reforçando a necessidade de avançar na garantia de direitos e na luta por liberdade para todas.
O ministro de Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, também participou da sessão e salientou a mudança em curso, com a crescente liderança feminina em diferentes frentes de luta. Ele menciona programas do governo federal que visam apoiar as mulheres camponesas, como os 90 mil quintais produtivos. Teixeira sublinhou o papel crucial das mulheres na conquista da soberania alimentar no Brasil.
A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, destacou os desafios enfrentados pelo MMC, mas também as vitórias alcançadas apesar das dificuldades. Ela mencionou a luta pela implementação da Lei da Igualdade Salarial, cuja constitucionalidade está sendo contestada no Supremo Tribunal Federal (STF).
Mirela Diovana Milhomem, integrante da Coordenação Nacional do MMC, ressaltou a diversidade do movimento, que reúne agricultoras, ribeirinhas, extrativistas, negras, indígenas e descendentes de europeus. Ela reafirmou a importância da solidariedade na luta de gênero, raça, classe e etnia, e a defesa ambiental das áreas rurais e florestais.
Outros discursos enfatizaram conquistas específicas, como o direito à licença maternidade para mulheres do campo, lembrado por Sônia Coelho, da Marcha Mundial das Mulheres, e a importância da seguridade social no campo, abordada por Joana Santos Pereira, da Articulação de Mulheres Brasileiras.
Concluindo a sessão, Anderson Amaro Silva dos Santos, do Movimento dos Pequenos Agricultores, refletiu sobre o simbolismo do MMC como um emblema de empoderamento e resiliência. Ele destacou que a luta das mulheres camponesas é uma causa coletiva e necessária, inspirando a construção de um novo modelo de sociedade mais justa e igualitária.
Assim, a sessão no Congresso Nacional não apenas celebrou os 40 anos de luta do MMC, mas também renovou o compromisso com as causas dessas mulheres guerreiras que continuam a batalhar por um Brasil mais justo e sustentável.