Durante a abertura, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, enfatizou a urgência de reformar as instituições internacionais para que possam desempenhar um papel eficaz na promoção da paz e na resolução de conflitos. Motta criticou a manutenção das estruturas decisórias da ONU, que ainda refletem um contexto mundial criado após a Segunda Guerra Mundial, e defendeu uma reconfiguração que incluísse as dinâmicas geopolíticas contemporâneas.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, também se pronunciou, ressaltando que o diálogo respeitoso entre as diferenças políticas é fundamental para a paz e o progresso. Ele sublinhou o papel crucial dos Poderes Legislativos na formulação de políticas públicas em nível global, sugerindo que os parlamentos devem se manifestar de maneira autônoma e colaborativa.
O vice-presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, destacou a agenda legislativa do Brics, que abrange o fortalecimento institucional do bloco e o desenvolvimento econômico através da redução de barreiras comerciais e da inovação em tecnologia verde.
Humberto Costa, coordenador parlamentar do Brics no Senado, expressou a necessidade de um novo protagonismo para os países integrantes, enfatizando que não se considera uma região periférica, mas sim um ator central em um novo paradigma político e econômico.
Durante o painel sobre desenvolvimento econômico, os representantes discutiram a reformulação dos sistemas de financiamento multilaterais, destacando a necessidade de uma maior representação e governança adequada nos organismos criados após a Conferência de Bretton Woods, que estabeleceu, entre outros, o FMI e o Banco Mundial. Segundo Tidimalo Legwase, representante da África do Sul, é fundamental que essas instituições reflitam as aspirações dos mercados emergentes e dos países menos desenvolvidos.
Ainda, o deputado indiano Om Birla reforçou a importância de um comércio global baseado em regras que atenda às necessidades do Sul Global, enquanto Alexander Zukhov, da Rússia, criticou a manipulação política dessas instituições em benefício de interesses específicos, exacerbando práticas neocoloniais.
No contexto de saúde, os debatedores concordaram sobre a necessidade de desenvolver um acordo multilateral para enfrentar pandemias futuras, enfatizando a urgência de um modelo de cooperação solidária que assegure acesso equitativo a vacinas e promova ações abrangentes em saúde pública.