Esse cenário contrasta com os últimos dois anos, nos quais a inflação de alimentos em setembro fechou em deflação. No entanto, em 2021, houve uma alta acentuada nos preços devido aos impactos da pandemia. Agora, o clima seco e a mudança de bandeira tarifária na energia elétrica estão pressionando ainda mais a oferta de alimentos e impactando os preços.
O economista Fabio Romão, da LCA Consultores, prevê um aumento de 0,17% na alimentação no domicílio no IPCA de setembro. Ele destaca que, apesar de modesta, essa variação contrasta com a expectativa de queda de 1,10% no IPCA de agosto. Romão atribui essa mudança ao clima seco e à falta de chuvas das últimas semanas, que afetaram a produção de frutas, leite, café, bebidas não alcoólicas, feijão e cana-de-açúcar.
Outros economistas, como Andréa Ângelo, da Warren Investimentos, também apontam para pressões nos preços da carne bovina, do açúcar e do etanol devido às queimadas e à estiagem em algumas regiões do país. A expectativa é de que a inflação da alimentação no domicílio encerre o ano com alta significativa, impactando a projeção do IPCA para 2024.
Para João Fernandes, da Quantitas, o efeito das queimadas e da seca sobre a inflação de alimentos ainda é incerto, mas a tendência é de aumento nos preços, especialmente da carne bovina. Ele prevê uma alta de 0,44% na alimentação no domicílio em setembro e uma inflação de 5% para esse setor ao longo do ano. Apesar dos desafios, há expectativa de um impacto baixista vindo do etanol no curto prazo, o que pode amenizar a pressão inflacionária.