A mpox, que é endêmica na África Central e Ocidental desde a década de 1970, apresenta duas cepas distintas. A transmissão se dá pelo contato próximo entre indivíduos ou com animais infectados. Desde 2020, a doença se alastrou rapidamente pelo mundo, com a variante da África Ocidental sendo responsável por milhares de casos em mais de 110 países.
No último fim de semana, Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), sugeriu a possibilidade de convocar o comitê de emergência para avaliar a situação do surto de mpox na África. Em uma publicação na rede social X, Tedros mencionou a preocupação com uma variante mais letal da mpox afetando diversos países africanos, reforçando a necessidade de intensificar as respostas para conter a transmissão da doença.
A MSF assinala que, das 26 províncias da RDC, 11 enfrentam a mpox de forma endêmica. O agravamento dos casos ao longo dos últimos dois anos levou as autoridades sanitárias a declarar uma epidemia em dezembro de 2022. Em 2023, o número de infecções triplicou, resultando em 14,6 mil notificações e 654 mortes. Este ano, de janeiro a julho, foram reportados mais de 12,3 mil casos suspeitos, com 23 províncias afetadas.
A mutação genética identificada na província de Kivu do Sul é particularmente preocupante, visto que possibilita a transmissão contínua de humano para humano, algo que não havia sido observado na cepa da Bacia do Congo. Além disso, a variante 1b da mpox na África Central, que apresenta uma taxa de letalidade superior a 10% entre crianças pequenas, destaca-se como mais perigosa em comparação com a variante 2b, que causou a epidemia global em 2022, com menos de 1% de letalidade.
Outra questão crítica é a presença da doença em acampamentos de deslocados no entorno de Goma, em Kivu do Norte. A densidade populacional extrema nesses locais agrava a situação, com riscos significativos devido aos grandes fluxos migratórios dentro e fora da RDC.
Embora a RDC tenha validado ao menos duas vacinas contra a mpox, nenhuma dose está disponível até o momento. MSF informa que negociações estão em andamento para a obtenção das vacinas, com áreas prioritárias sendo identificadas. A organização humanitária expressa a necessidade urgente de vacinas para conter o surto e proteger as populações mais vulneráveis, incluindo profissionais de saúde e pessoas deslocadas.
A mpox, uma doença zoonótica viral, pode ser transmitida por contato com animais selvagens infectados ou humanos, mostrando sintomas como erupções cutâneas, linfonodos inchados, febre e dores no corpo. O tratamento é de suporte e visa controlar os sintomas e evitar complicações. A mortalidade da cepa encontrada na RDC é significativamente maior que a da África Ocidental, com 479 mortes registradas desde o início do ano.
Em maio de 2023, a OMS declarou que a mpox não era mais uma emergência de saúde pública de importância internacional, depois de ter decretado tal status em julho de 2022. Entretanto, Tedros ressaltou que esse fim de emergência não marca o término dos desafios impostos pela mpox, enfatizando a necessidade de uma resposta robusta e sustentável para lidar com a ameaça contínua da doença.