Durante uma entrevista, o especialista enfatizou que, embora a aplicação da inteligência artificial (IA) na medicina ainda esteja em seus primeiros passos, os avanços são promissores. Lindenmeyer acredita que a IA poderá fornecer métodos de diagnóstico mais acessíveis, especialmente em regiões que enfrentam a carência de serviços de saúde. Ele destaca que, em alguns casos, o algoritmo superou o software tradicional utilizado nos aparelhos de retinografia, embora essa tecnologia ainda esteja em fase de pesquisa e desenvolvimento.
O oftalmologista advertiu que é necessário um tempo para que essas ferramentas se tornem confiáveis e éticas para uso prático no atendimento médico. “A avaliação contínua é crucial. Em minha perspectiva, podemos enfrentar uma linha do tempo de pelo menos dez anos para que a tecnologia esteja plenamente disponível no tratamento de pacientes”, afirmou.
Um aspecto alarmante sobre o glaucoma, frequentemente referido como “o ladrão da visão”, é que aproximadamente 50% das pessoas afetadas em todo o mundo não estão cientes de sua condição. Esse dado inquietante está ligado a diversos fatores, incluindo o acesso limitado aos cuidados médicos e a falta de conscientização sobre a importância de exames regulares, mesmo quando a visão parece estar normal.
A abordagem do tratamento do glaucoma envolve o controle da pressão intraocular, um dos principais responsáveis pela progressão da doença. Inicialmente, isso pode ser feito por meio de colírios, mas se a condição não melhorar, pode ser necessário recorrer a tratamentos mais invasivos, como laser ou cirurgia. Lindenmeyer alerta que, uma vez que a visão é perdida devido ao glaucoma, não há como recuperar a capacidade visual.
Com a expectativa de que a IA funcione como um aliado na detecção precoce e na ampliação do acesso ao tratamento, espera-se que esses índices alarmantes de pessoas que não têm conhecimento de suas condições possam mudar nos próximos anos. A prevalência do glaucoma aumenta com a idade, especialmente após os 40 anos, com um risco acrescido entre afrodescendentes, asiáticos, mulheres e míopes.
Embora o panorama atual seja preocupante, os avanços tecnológicos em saúde ocular oferecem um vislumbre de esperança no combate a essa doença traiçoeira.